Durante uma audiência pública, realizada nesta segunda-feira (6) na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), ficou decidido que um fórum será articulado entre órgãos públicos, parlamentares, especialistas, pesquisadores e representantes da sociedade civil para discutir o projeto de alargamento da orla da capital paraibana. Este fórum vai atuar como um conselho para a Prefeitura de João Pessoa.
O Secretário do Meio Ambiente de João Pessoa, Welison Silveira, estava representando a prefeitura e disse ao g1 que o fórum será composto não só por membros da academia, mas também pela sociedade de forma geral.
"A prefeitura está aberta ao diálogo. É mais do que necessário ampliar esses debates para que informações oficiais, precisas e técnico-científicas possam ser expressadas e manifestadas", explicou.
Apesar disso, informações como quando o fórum será criado e quais encaminhamentos serão discutidos por essa quipe não foram divulgadas.
O g1 também perguntou ao secretário qual é o orçamento, qual é a empresa responsável pelos serviços, o prazo para a conclusão das obras e as metodologias adotadas no projeto de alargamento da orla:
"Ainda não há projetos, esses estudos ainda estão em fase de elaboração. Então, por consequência, não existe valores de obra a serem discutidos porque não há valor sem projeto", afirmou Welison Silveira.
Ele disse ainda que estudos irão definir a modalidade de engenharia adotada em cada orla e o que existe é, na verdade, uma "necessidade de se preocupar com a contenção da erosão costeira".
A audiência pública foi convocada pela deputada estadual Cida Ramos (PT), que propôs o debate depois que o próprio prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), detalhou o que pretende fazer com as obras de alargamento da orla. O gestor, por exemplo, diz que está prevista uma pista viária que ligaria o Cabo Branco à Ponta do Seixas por baixo, e portanto contornando a Falésia do Cabo Branco, local onde diariamente o mar bate hoje em dia.
Também estiveram presentes durante a audiência o professor e pesquisador do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Saulo Vital; a coordenadora do Greenpeace Paraíba e ambientalista, Caroline Leal, além dos deputados estaduais.
Saulo Vital é pesquisador do tema e coordena grupo de pesquisa em geomorfologia sobre riscos e vulnerabilidades referentes às erosões no litoral.
Ao g1, o professor confirmou que ele vai articular o início do fórum juntamente com a deputada Cida Ramos e os deputados estaduais Chió (Sustentabilidade) e Luciano Cartaxo (PT).
Segundo ele, uma das primeiras ações que precisam ser feitas em João Pessoa é o reflorestamento na área da Falésia do Cabo Branco.
Saulo defende ainda que uma intervenção na costa exige estudos aprofundados e criticou o enrocamento na Barreira do Cabo Branco, feito pela gestão de Luciano Cartaxo. A região da barreira precisa de ações rápidas antes de pensar em alargamento nas praias urbanas de João Pessoa, de acordo com suas pesquisas.
Apesar disso, avaliou a audiência como positiva: "um caminho inicial para discutir a erosão costeira em João Pessoa e no futuro pretende-se discutir a nível de Paraíba. O movimento está ganhando boa proporção. Vejo um belíssimo envolvimento da população nesse processo", pontuou o professor.
Já a ambientalista Caroline Leal destacou que obras como a proposta no projeto de alargamento não poderiam ser realizadas de maneira alguma em áreas de recifes e corais. Ela ressaltou que essas intervenções no mar de João Pessoa estão destruindo o patrimônio natural da Paraíba.
Entenda o projeto de alargamento da orla de João Pessoa
Cícero Lucena destaca que os estudos técnicos já estariam em curso e que a previsão é que as obras sejam iniciadas em dezembro deste ano. De acordo com ele, a ideia de uma pista contornando a falésia remonta ao ano de 2004, quando ele era prefeito da capital paraibana, mas não teve tempo de executar a obra.
Além dessa intervenção na falésia, ele prometeu alargar toda a faixa da praia de Manaíra, entre o Hotel Tambaú e o Mag Shopping, e ainda a área denominada de Caribessa.
Sobre a intervenção em Manaíra, Cícero explica que o projeto prevê a construção de uma terceira via na avenida paralela à praia, o alargamento da calçadinha e a transferência da ciclovia para depois da calçada. Ele promete também uma Marina em Tambaú, nas proximidades de onde está o Mercado de Peixe.
As areias para toda essa engorda, ainda segundo ele, viriam do fundo do mar e seriam bombeadas para a costa. O prefeito diz que serão respeitadas a mesma granometria que existe na orla. Granometria, no caso, é uma unidade de medida que calcula o diâmetro dos grãos de areia de dado solo.
Quem primeiro falou do assunto foi o secretário de Infraestrutura de João Pessoa, Rubens Falcão, em entrevista à rádio CBN. Na época, ele chegou a falar numa obra avaliada em até R$ 200 milhões.
Cícero Lucena, contudo, explica que vai ter a parceria do Governo da Paraíba e que todas as obras de reurbanização da cidade custaria R$ 400 milhões, sendo que desse valor R$ 240 milhões sairiam do Estado e R$ 160 milhões da Prefeitura. Ele pondera, contudo, que esse valor não inclui apenas as obras na orla, mas também parques públicos nos bairros de Aeroclube, Bancários e Cuiá.
g1 PB
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.