Mais dois réus foram ouvidos no Fórum de Cabedelo, na Região Metropolitana de João Pessoa, na quarta-feira (4), no processo da Operação Xeque-Mate, que desarticulou um esquema de corrupção na prefeitura e câmara de vereadores de Cabedelo. Leto Viana, ex-prefeito preso e um dos réus que depôs na audiência, confirmou que a existência do esquema de cartas-renúncias dos vereadores para controlar a câmara existia desde 2005.
O processo investiga o repasse ilegal de verbas de Leto Viana para vereadores em troca de apoio político. Os vereadores que aceitavam o dinheiro eram obrigados a assinar uma carta renunciado ao mandato e entregar ao então chefe do executivo, que poderia apresentar o documento na casa legislativa caso o vereador rompesse o acordo. O esquema tinha como objetivo pressionar a câmara para aprovar ou reprovar pautas do prefeito de interesse do prefeito.
Ainda de acordo com o depoimento do ex-prefeito de Cabedelo, Leto Viana afirmou que recebeu em 2016 um valor de aproximadamente R$ 200 mil do empresário Roberto Santiago para financiar a campanha de quatro vereadores. A contrapartida era que os vereadores assinassem as cartas-renúncias e documentos de desfiliação dos partidos, deixando os mandatos nas mãos do ex-prefeito.
Além das cartas-renúncias e desfiliação dos partidos, os vereadores assinaram 48 promissórias de R$ 3 mil cada uma. De acordo com Leto Viana em depoimento, a dívida seria executada pelo prefeito caso os vereadores não seguissem os interesses do executivo municipal nas votações.
A defesa do ex-prefeito entrou com pedido de soltura, mas a solicitação não foi analisada pela Justiça na audiência na quarta-feira. Leto Viana segue preso. O juiz Henrique Jácome explicou que os pedidos de liberdade nos réus presos na “Xeque-Mate” estão chegando, mas não estão sendo analisados ainda pois precisam ser examinados com cautela.
“O processo está vindo concluso para mim, para que eu possa apreciar todos esses pedidos com cuidado que o caso requer. Estamos cuidado de um processo com réus presos, isso tem prioridade absoluta, e por isso será apreciada dentro do menor espaço de tempo possível”, explicou o juiz em entrevista à TV Cabo Branco.
O advogado de Leto Viana, Jovelino Delgado, explicou que o réu vai seguir com a postura de colaborar com a Justiça, uma medida adotada desde as primeiras audiências da “Xeque-Mate”. “No decorrer do processo, nas próximas audiências, Leto, permanecerá colaborando com o Ministério Público e com a justiça paraibana”, comentou.
O advogado de defesa do empresário Roberto Santiago afirmou à produção da TV Cabo Branco que não tem como comentar a acusação de Leto Viana pois não teve acesso ao depoimento dado na quarta-feira. A defesa do empresário reforçou que Roberto Santiago é inocente e que sua inocência vai ser provada nos autos do processo.
Outros réus ouvidos
Outros réus já tinham prestaram depoimentos nas outras audiências de instrução e julgamento com interrogatórios dos referentes à terceira denúncia, que diz respeito ao financiamento de campanha dos vereadores e às cartas-renúncia de parlamentares, usadas para a eleição da mesa-diretora da Câmara de Cabedelo, cidade da Região Metropolitana de João Pessoa.
Foram interrogados os réus Fabiana Maria Monteiro Regis e Antônio Moacir Dantas Cavalcanti na audiência do dia 22 de agosto. Na audiência anterior, realizada dia 4 de julho, foram ouvidas as seguintes testemunhas: Guilherme Nogueira de Holanda, Lucas Santino da Silva, Rosildo Pereira de Araújo Júnior, todas arroladas pelo Ministério Público. Indicadas pelas defesas, foram inquiridas as seguintes testemunhas: Geusa de Cássia Ribeiro Dornelas, Artur Antônio Dornelas Ferreira, Rosivando Neves Viana, Vitor Hugo Casteliano, Severino Ferreira de Lima.
O ex-presidente da Câmara Lucas Santino, delator que abriu as investigações, confirmou as denúncias sobre as cartas em depoimento. As demais testemunhas arroladas por ambas as partes foram dispensadas. Na ocasião, foram colhidos os interrogatórios dos réus Belmiro Mamede da Silva Neto, Tércio de Figueiredo Dornelas Filho e Lúcio José do Nascimento Araújo.
A Operação Xeque-Mate apura a existência de uma suposta organização criminosa que se instalou em Cabedelo, responsável por vários episódios criminosos
G1
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