A Paraíba possui hoje 40 mil domicílios que simplesmente não possuem banheiros. São 113 mil paraibanos vivendo nesta situação. E isso sem contar mais de 600 mil domicílios que até têm banheiro, mas que não estão ligados à rede estadual de esgoto. Esses são números atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2019, que resumem bem os desafios do estado e os impactos que isso provoca no sistema público de saúde.
Na segunda reportagem da série sobre o novo Marco Legal do Saneamento, produzida pela TV Cabo Branco, o enfoque é justamente este: como o baixo investimento em saneamento afeta gravemente a saúde da população paraibana.
É o caso, por exemplo, de Renesca de Vasconcelos, que mora numa casa precariamente instalada às margens do Rio Paraíba, em Santa Rita, município da Grande João Pessoa. Ela explica que desde muito tempo convive com todo tipo de problema. “É rato com força, barata com força, cobra, escorpião. A gente tem que matar. Pode ter medo não, quem mora assim, na beira do rio”, destaca.
A situação de Renesca é complicada, inclusive, porque ela diz que paga mensalmente a taxa de esgoto à Cagepa. “Desde que eu nasci e me criei aqui que cobra a taxa de esgoto, mas na verdade cai tudo no rio”. Aliás, essa é uma constante na margem do rio. Dezenas de casas que despejam o esgoto direto na água.
Mas, sem dúvida, o impacto maior é na questão de saúde pública. O médico Felipe Proenço explica que moradores de locais sem saneamento básico sofrem mais com doenças parasitárias e diarreicas, por causa da maior propagação de vetores.
“Essas doenças ainda são causas importantes de mortalidade e levam a muita internação de crianças”. Em seguida, ele alerta: “tentar medicalizar essas situações acaba sendo muito pouco efetivo”.
Édison Carlos, que é presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, tem posição parecida. E enfatiza que a situação se torna ainda mais delicada em momentos de pandemia como a atual. “O coronavírus depende muito do seu sistema imunológico. E essas pessoas que moram em áreas mais vulneráveis normalmente já têm outras doenças. Essas pessoas, quando pegam um vírus dessa potência, correm muito mais riscos do que outras que cresceram num ambiente saudável”, alerta.
O professor Saulo Lopes está entre os paraibanos que moram em locais sem saneamento básico. Ele diz que mora há um ano e meio numa casa sem esse tipo de cobertura e muitas vezes é obrigado a conviver com mau cheiro, insetos, proliferação de doenças. Ele lamenta, principalmente, o fato das crianças não poderem nem transitar nem brincar.
“Saneamento básico, que eu entendo, é o mínimo de dignidade e de respeito que a gente tem direito”.
Com relação à denúncia dos moradores de Santa Rita, que disseram que pagam pelo esgoto, mas jogam a sujeira no Rio Paraíba, a Cagepa disse que vai mandar uma equipe ao local para saber o que de fato está acontecendo.
G1 PB
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