Novembro 27, 2024

Em carta a policiais, Rolando diz que PF tem 'grande consciência institucional'

O novo diretor-geral da Polícia Federal, delegado Rolando Alexandre de Souza, enviou carta aos servidores da instituição em que afirma que a PF "é um corpo único e com grande consciência constitucional" e que "o maior patrimônio da Polícia Federal é seu capital humano".

Leia abaixo a íntegra da carta do novo diretor-geral da PF aos servidores da instituição.

Rolando assumiu o comando da PF na segunda (4), em meio a uma investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta tentativa do presidente Jair Bolsonaro de interferir politicamente na instituição.

O delegado foi indicado por Bolsonaro depois que o ministro do STF Alexandre de Moraes suspendeu a nomeação, pelo presidente, de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal.

Diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem é amigo da família de Bolsonaro. Rolando era subordinado a ele na Abin.

Ao anunciar sua demissão, o ex-ministro Sérgio Moro afirmou que decidiu deixar o governo por que Bolsonaro estava tentando interferir politicamente na PF , e que isso seria feito justamente por meio da nomeação de Ramagem.

Bolsonaro não desistiu de nomear Ramagem para o comando da PF. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao ministro Alexandre de Moraes que reconsidere sua decisão e libere a validação do ato de nomeação de Ramagem.

Na carta aos servidores, o novo chefe da PF também disse que "todas as missões que me foram confiadas foram importantíssimas, mas sem dúvida representar cada um dos senhores e senhoras que fazem, diariamente e de forma exemplar, a história da nossa corporação é indiscutivelmente o maior de todos os desafios".

Rolando pretende trocar superintendentes de 5 estados, levando-os para cargos de direção na sede da PF em Brasília. Mas nem todas as diretorias lidam com investigações, a principal finalidade da instituição. É o caso do delegado Carlos Henrique Oliveira, que vai deixar a superintendência da PF no Rio de Janeiro, posto que está no centro das investigações presididas pelo ministro Celso de Mello, do STF.

O ex-ministro Sérgio Moro afirmou que Bolsonaro insistia na mudança do superintendente do Rio, estado onde está a base eleitoral do presidente e de seus filhos, e que ameaçou mudar a diretor -geral da PF e o próprio ministro da Justiça caso não pudesse substituir o superintendente.

Um sexto delegado também deve deixar uma superintendência. É Joselio Azevedo, que foi convidado a trabalhar na equipe do ministro da Justiça , André Mendonça.

Íntegra da carta de Rolando de Souza.

Caros colegas servidores e colaboradores da Polícia Federal,

Hoje, no momento em que assumo a Direção Geral da Polícia Federal, quero compartilhar a minha especial satisfação por reencontrá-los e iniciar essa nova fase da minha carreira ao lado de cada um de vocês.

Todos os momentos que me trouxeram até aqui foram grandiosos em experiências e em ensinamentos. O início da carreira na região norte de nosso país, pelo qual boa parte dos nossos policiais passa, já evidenciava o quanto seria gratificante dedicar o meu esforço e dedicação em favor desta Corporação que nos orgulha e que é um patrimônio da sociedade brasileira.

Todas as missões que me foram confiadas foram importantíssimas, mas sem dúvida representar cada um dos senhores e senhoras que fazem, diariamente e de forma exemplar, a história da nossa corporação é indiscutivelmente o maior de todos os desafios.

Quis o destino que na gestão que ora se inicia, além dos compromissos naturais a serem assumidos à frente da PF, fosse contemporânea a uma situação inédita na sociedade global contemporânea. Não há parâmetros para dimensionar as dificuldades que vamos enfrentar, mas estou convicto de que, juntos, vamos vencer.

Sabemos muito bem que o crime não retrocede e nem recrudesce. Pelo contrário, nos momentos das maiores agruras humanas, a criminalidade tenta aproveitar-se das circunstâncias para perpetrar ainda mais injustiças e para garantir maiores lucros. Enfrentaremos com coragem e destemor.

Combater o crime, nos seus mais variados modais, como corrupção, tráfico de drogas e armas, crimes ambientais, previdenciários e tantos outros, será missão diária e que buscaremos incansavelmente.

Sei da grandeza de espírito que move historicamente a nossa Polícia Federal e da competência e da expertise dos integrantes dos nossos quadros. O maior patrimônio da Polícia Federal é o seu capital humano.

A Polícia Federal é um corpo único e com grande consciência institucional.

Conto com todos vocês. Somos fortes na linha avançada.

Muito obrigado.

Rolando Alexandre de Souza

Diretor-Geral da Polícia Federal

G1
Portal Santo André em Foco

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