Viva curado
Uma de minhas passagens favoritas das peças do dramaturgo inglês William Shakespeare está em “Romeu e Julieta”. Devido à rivalidade entre as famílias Montecchio e Capuleto, o jovem Teobaldo procura provocar Romeu para um duelo na rua chamando-o de “verme”.
Acontece que Romeu havia se casado secretamente com Julieta na noite anterior e Teobaldo era primo dela. Sem poder contar o segredo, ouvindo uma ofensa pública no meio de seus amigos e inimigos e passando por covarde, Romeu recusa o duelo respondendo:
“Teobaldo, o motivo que tenho para te amar desculpa a raiva que vem junto com essa saudação. Verme não sou. Portanto, adeus. Vejo que não me conheces.”
Eu queria destacar duas coisas principais sobre esta pequena passagem
Primeiro, é impossível agradar a todos! No percurso da nossa vida, sempre encontraremos aqueles que nos odeiam. Algumas dessas pessoas, se não a maioria, nunca tiveram nenhum contato conosco. Ouviram dizer alguma fofoca, viram algo que não compreenderam e nos julgaram a partir de suas próprias vivências. É mais fácil para elas, dentro de suas limitações, nos categorizar como “verme”.
Para essas pessoas, aprendi com Romeu a dizer: Que pena, a pessoa não me conhece…
E também como Romeu, a melhor atitude é ir embora. Quem tira conclusões tão apressadas sobre aqueles que efetivamente não conhecem, quem confia na conversa maldosa alheia, não tem nada de bom a acrescentar na nossa vida. Não somos nós que precisamos provar que não somos vermes.
Mas, mesmo sem deixá-los participar de nossa vida, precisamos rezar por essas pessoas e amá-las. Como bem nos lembra Romeu: temos um motivo para amá-las!
Esse motivo não é um laço de sangue
É o motivo pelo qual Santa Teresinha sorria cada vez que encontrava a irmã do convento que ela não gostava e que a irritava somente com sua presença. Diferentemente de Teobaldo, Teresinha não a chamava de “verme”, mas sorria e procurava fazer tudo por ela. E por quê?
Porque ela via Jesus escondido que habitava também esta irmã. Deus a amava.
Por isso podemos dizer aos Teobaldos de nossa vida: o motivo que eu tenho para te amar (que é perceber em você o nosso Deus que também te habita e te ama) desculpa a raiva sem fundamentos que você sente por mim.
Que possamos viver curados, sabendo quem nós somos e o que nós não somos. Sem esquecer que o Deus que me ama também ama aquele que me odeia.
Unido em oração,
Flavio Crepaldi
Canção Nova
Portal Santo André em Foco
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