O Deus escondido
Lúcia, a mais velha dos pastorinhos de Fátima, do alto dos seus 11 anos de idade, ensinou a Jacinta e Francisco: na hóstia santa, Deus se esconde. Vemos pão, mas ali está verdadeiramente Cristo em Seu corpo glorificado. Um Deus escondido. Que mistério incrível! Se já era difícil vermos Deus naquele pobre homem flagelado e crucificado, elevado no madeiro entre dois ladrões, que exercício de fé extrema é enxergar um homem, que é Deus, em um pequenino pedaço de pão consagrado no altar pelas mãos do sacerdote.
O essencial é invisível aos olhos
Nessa situação, devemos lembrar do óbvio: os olhos nos enganam frequentemente. Ou, relembrando o clássico da literatura ‘O Pequeno Príncipe’: “Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.
Adorar o Deus escondido é promover o crescimento da fé em nós. É lembrar que não podemos ver tudo, não podemos saber de tudo e, com muito mais frequência do que gostaríamos, nos enganamos no que vemos e no que achamos saber. O exercício da fé é um treinamento de confiança e abandono. Ou, como tão bem sintetizava o monge conhecido como Dioniso, o areopagita: é um raio de treva divina! Bruma supraluminosa!
Não podemos ver porque existe luz demais!
Aquele raio que ilumina o céu noturno traz uma luz tão forte, que promove a cegueira. Com certeza você já viveu a experiência de estar em um alto monte e ser envolvido por uma nuvem claríssima e que, por consequência, impedia que qualquer coisa fosse vista à distância. É isso que o areopagita nos lembra: a claridade de Deus é tão grande que, quando se manifesta, nos impede de ver.
Resta-nos caminhar na confiança da escuridão, com os olhos da fé. Deus pode estar “escondido” na espécie eucarística, no sacrário ou até mesmo no meu irmão… São as virtudes teologais da Fé, da Esperança e da Caridade que nos fazem ver o que somente aparentemente está oculto.
Com São Tomás de Aquino, quero dizer: “Tal como Tomé, também eu não vejo as tuas chagas, mas confesso, Senhor, que és o meu Deus. Faz-me crer sempre mais em ti, esperar em ti, amar-te”.
Unido em oração,
Flavio Crepaldi
Canção Nova
Portal Santo André em Foco
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