Entrando no silêncio da alma

Em um mundo recheado de ruídos, calar, fazer-se calar, calar fundo, entrar no silêncio da alma, é uma situação limite entre o desafio e o impossível. Ou será que nem conseguimos mais perceber a necessidade de silenciar?

Já notou que existem momentos em que as palavras não comunicam nada e só nos afastam do verdadeiro centro da realidade? Na hora da dor, do sofrimento, da falta de sentido, falar não é errado, mas a presença silenciosa daqueles que nos amam e choram conosco é o que faz calar fundo na alma uma intimidade que palavras não alcançam.

Também o mistério pede silêncio
Quando o sacerdote eleva o Cristo durante a consagração da hóstia na Missa, deve reinar o absoluto silêncio. O único som que ouvimos é o sino que, como um sinal, nos recorda a olhar Aquele que É e ali está presente e real.

Que maravilha se também pudéssemos silenciar por dentro! Calar fundo em um silêncio que é pura abertura para o transcendente.

Ou será que 23 horas e 59 minutos de ruído dos nossos pensamentos não nos bastam? Por um único minuto no dia, calar, não para ouvir, não para ver, mas para estar presente diante de um mistério que nunca poderemos compreender ou abarcar.

A oportunidade do silêncio
Muitas palavras teriam que ser escritas para descrever esse momento em que o Deus que se encarnou, faz-se presente na cruz, ressurreição e em alimento de unidade. Perderíamos de novo a oportunidade do silêncio. A oportunidade de calar e participar, a possibilidade de fazer parte em vez de tentar se afastar para compreender de longe.

Ver o Cristo que se eleva nas mãos do sacerdote, adorá-Lo, amá-Lo, esperá-Lo. Por um pequeno momento, estar presente sem discursos, sem teorias, sem fórmulas prontas. Também sem desejos, sem pedidos, somente vendo e, certamente, sendo profundamente visto.

Eu te convido a fazer essa breve experiência: calar fundo.

Unido em oração,

Flavio Crepaldi

Canção Nova
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