Setembro 25, 2024

MENSAGEM DO DIA - 06 DE JANEIRO DE 2024

A hora certa de parar

Faz algum tempo que um jornalista famoso de um diário da capital gaúcha escreveu um artigo de repercussão: “Saber parar na hora certa”. Referindo-se a todo o tipo de pessoa com responsabilidades na linha de frente, o escritor falava, que o saber parar é um atestado de sabedoria e grandeza. O problema é saber qual é a hora certa. Onde estariam os critérios para a justa hora de saber parar?

Na realidade dos humanos há quem para cedo demais e há quem teima em não parar nunca e atrapalha os que poderiam garantir um futuro dinâmico e transformador. Existem os que, mal começam exercer uma missão, e dizem: “terminei o gás!”. Encerrar uma tarefa e começar outra, tentando acertar melhor, faz parte da normalidade da vida. Parar por entreguismo e acomodação, antes da hora, sem lançar-se para uma nova tentativa, é uma decisão prejudicial para a pessoa e para quem necessita de sua contribuição. Qual é a justa hora de parar? E quem para, quando e em que deve parar?

Nem antes, nem depois, parece ser um critério óbvio. Porém, quando se trata de realização humana e liberdade de consciência do bem comum e de responsabilidade, não parece ser assim tão fácil decidir-se. Para quem se sente envolvido como sujeito de uma história e investiu a vida em determinada causa, a hora de saber parar não é uma brincadeira.

Nessa questão, também há um problema muito comum que acontece com pessoas que são forçadas a parar. Às vezes é por causa da idade, outras vezes é por doença, ou até mesmo por incompetência no exercício de uma importante tarefa. Geralmente, não deixa de ser traumático o convite para que alguém pare uma atividade, ou o exercício de uma função, ou passe a outro o seu cargo que lhe merece um título de destaque.

Fico impressionado quando pais de família, que são também micro ou macro empresários, vão preparando os filhos para assumirem o que eles começaram e levaram adiante com garra, dedicação e competência. De outra parte é muito desagradável, quando há proprietários ou líderes de instituições que passam adiante seu empreendimento quando este está falido. Em lugar de ser a hora certa de parar, vira o momento da fuga e irresponsabilidade.

Creio que ainda esteja bem gravado na mente de todos o dia onze de fevereiro de 2013, quando o Papa Bento XVI declarou a sua renúncia. O fato surpreendeu o mundo! Porém, o pontífice foi coerente com o que havia afirmado no livro-entrevista “Luz do mundo”, sobre a hipótese de renunciar. Num primeiro momento disse ao jornalista: “Este não é o momento de renunciar, mas de enfrentar”. Mas na segunda pergunta do mesmo livro o Papa respondeu que é possível renunciar quando não é mais possível continuar.

A declaração de Bento XVI, do dia 11, publicada em Latim, por ser um pronunciamento oficial, expressa com sabedoria, clareza e humildade, os motivos de sua hora de parar com plena liberdade. Por saber a hora de parar e tomar esta corajosa decisão, este Papa sela com a máxima dignidade a herança que deixa para a Igreja de todos os tempos.

Frei Luiz Turra, ‘No Coração da Vida’, Programas Radiofônicos Vol. 02.

Comece o Dia Feliz
Portal Santo André em Foco

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