Jesus, homem surpreendente
Há pessoas que despontam em todos os lugares, como surpreendentes em alguns aspectos, seja na genialidade artística, na capacidade de liderança, na habilidade administrativa, na popularidade, na beleza e até mesmo pelo elevado nível de santidade. Porém, Jesus de Nazaré em tudo e por todo o seu viver e agir foi surpreendente.
Jesus não frequentara escolas, mas conhecia muito bem as Escrituras. “Como pode ser ele preparado em letras sem ter estudado?” (Jo 7,15). Todos ficavam admirados ou chocados com a originalidade de suas palavras e atitudes. “As multidões que o ouviam ficavam admiradas de sua doutrina” (Mt 22,23). Diante de tamanha capacidade de chamar atenção e persuadir, seus inimigos ficavam escandalizados. Os escribas e fariseus lhe faziam muitas perguntas. A nenhuma deixou sem resposta. Quando os interrogou, não souberam responder (Mt 21,24-25).
Frequentemente surpreendia os discípulos retirando-se à montanha para rezar em silêncio, ou até mesmo na solidão. Como judeu não deixava de frequentar as sinagogas e o templo nas grandes solenidades. Mas em momento algum Jesus ofereceu um sacrifício. Ele estava vivendo e preparando o sacrifício de si mesmo. Para o sacrifício da Nova Aliança, escolheu a casa de um amigo. O sacrifício da Cruz aconteceu fora da cidade. A cruz tornou-se o altar do mundo e o lugar do encontro com Deus que, a partir da cruz o Ressuscitou.
A soberana liberdade de Jesus era sempre surpreendente. Ele inaugurou a hora em que os adoradores do Pai o adorariam em espírito e verdade e não mais na montanha da Samaria, nem no templo de Jerusalém. No cristianismo, só a pessoa humana é um lugar absolutamente sagrado.
Diante da lei, Jesus também surpreende. Para um israelita a Lei podia ser interpretada, mas jamais modificada, especialmente a lei do sábado. A conduta e as palavras de Jesus romperam esta atitude religiosa: “O sábado é feito para o homem e não o homem para o sábado... O Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2,27). Neste universo centrado na lei, Jesus se vê diante do grande conflito que o conduzirá à morte.
O modo como Jesus tratava os pecadores públicos: prostitutas e publicanos era outra surpresa que escandalizava os judeus. Lembramos aqui a pecadora pública, a mulher adúltera, a parábola do filho pródigo, o modo de acolher Zaqueu. Jesus nada tinha de moralista, mas tudo de misericórdia.
Diante de Herodes e Pilatos, no meio de todas as acusações sem algum fundamento, Jesus surpreende a todos por não dizer palavra alguma. Sua única defesa era o silêncio do grão de trigo que iria ser lançado à terra para produzir muito fruto. A dignidade, como enfrentou o drama de sua paixão e morte, jamais será esquecida no coração da história da humanidade.
Mas de toda a história da passagem de Jesus, o homem surpreendente, a maior surpresa foi a sua ressurreição. Esta não estava nos cálculos de nenhum humano, nem mesmo de Maria, João e de nenhum apóstolo. Menos ainda dos que o haviam condenado e crucificado. Da aparente derrota, aconteceu a maior vitória.
Frei Luiz Turra
COMECE O DIA FELIZ
Portal Santo André em Foco
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