Superando a rotina da vida
Em geral, quando é pronunciada, a palavra “rotina”, logo começa ressoar com carga negativa, como sendo causadora da mesmice, ladra da criatividade, desfavorável à liberdade, cansativa, causa de monotonia do viver e de certa escravidão. Evidentemente, esta rotina precisa ser evitada e superada, por ser prejudicial à pessoa em seu dinamismo de qualificação e em seu projeto de vida.
Este lado maléfico da rotina, geralmente não vem da repetição dos mesmos atos, da observância dos mesmos horários e das mesmas leis, de uma vida exigente, ou de uma especialização específica que nos enquadra numa repetida atividade. O malefício da rotina entra pela porta interior da pessoa, por sua mentalidade, sua afeição, suas motivações e sua intencionalidade.
A ginástica interior é auxiliada por uma mente aberta, que busca se atualizar, seja pela leitura, pela convivência ampliada, pelo bom uso dos meios de comunicação e pelo persistente trabalho de formação permanente. Para quem tem mente aberta, a rotina pode se transformar em caminho de afirmação e alavanca para saltos de autêntica e segura qualidade de vida.
Mas não basta a mente aberta para transformar a rotina. Precisamos também educar o coração, pois a cordialidade não pode ser aprisionada na rotina de uma tarefa. Quem encara a rotina como uma prisão, só pode ser amargurado com a vida. Os afetos do coração podem sanar a repetição em permanente novidade. Os antigos diziam: “Onde se ama, não se trabalha”, pois o trabalho, mesmo envolvido na rotina, pode ser fecundado por um grande amor e ser gerador de vida nova.
Todos podemos superar a rotina da vida, aprendendo a encará-la pelo seu contributo positivo. Há muito tempo ouvi uma palestra, onde o conferencista dizia: “O segredo de seu futuro está escondido na sua rotina diária”. No momento em que escutei esta frase, sinceramente não entendi. Porém, refletindo-a melhor encontrei o seu significado.
Na verdade, somos seres de exercício. A vida não é uma colcha de retalhos e de improvisos constantes. Como seres de exercício, precisamos criar hábitos e trabalhar repetições para que o aprendizado seja eficiente e duradouro. Daí vem a pergunta: Acaso um atleta poderá qualificar-se sem uma rotina de exercícios? Poderemos ser bons profissionais sem exercitar repetidas ações? Poderemos ter segurança nos caminhos, sem passar por eles repetidas vezes?
Diante da rotina da vida, vamos chegando à conclusão que, tanto podemos torná-la uma ajuda benéfica para consolidar estabilidade no edifício de nosso viver, quanto a podemos tornar um processo de adestramento mecânico e sem alma. Sendo assim, a rotina nos aprisiona e vai nos tornando eternos insatisfeitos. O jeito mesmo é dar à rotina a justa finalidade e aguçar a nossa consciência do que somos e poderemos ser, do que fazemos e poderemos fazer.
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
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