Parábola da árvore vaidosa
Na praça de uma grande cidade, uma frondosa e elegante árvore chamava a atenção de todos. A praça era um tapete colorido de flores. Fontes borbulhavam dos monumentos artísticos e luzes salientavam a beleza do conjunto deste ponto turístico da cidade. Os turistas andavam, olhavam e se encantavam com tudo, mas o ponto de convergência era sempre a inédita árvore.
A árvore, admirada por todos começou ficar vaidosa e julgar-se a única beleza da praça. Na medida em que era contemplada e elogiada pelas multidões, ia se envaidecendo sempre mais. Num dia de festa, um grupo musical resolveu hospedar-se em sua sombra para fazer um espetáculo. O encantamento de todos foi transferido para os artistas. Vendo-se ameaçada em seu protagonismo ficou indignada e resolveu expulsá-los. Despertou enxames de abelhas que estavam em seus troncos. Estas foram atacando um a um e puseram a correr os músicos e seus admiradores.
A vaidade ameaçada conseguiu uma vitória, apelando para o poder e a agressão. A fama da árvore, porém, ficou ilesa, porque a culpa parou nas abelhas. Nada e ninguém poderia roubar-lhe o direito adquirido de ser a mais elogiada figura da praça.
Numa tarde de domingo, um grupo de crianças foi brincar de roda embaixo da árvore vaidosa. Os pais alegravam-se ao ver seus filhos brincando, e o clima de festa familiar foi contagiando os transeuntes. Naquela tarde a árvore não ganhou nenhum elogio e novamente indignou-se. Soltou um de seus galhos ferindo gravemente uma criança. A tentativa de vingança, porém, começou provocar antipatia de muita gente.
Na medida em que a vaidade progredia, aumentava também a insensibilidade. O que lhe interessava era a estética de sua apresentação pública e os decorrentes elogios. Dificilmente alguém que passasse pela praça deixava de garantir uma foto junto à árvore vaidosa.
Num belo dia, um místico parou diante da árvore e começou a dialogar com ela. No diálogo, o monge bendizia ao Criador por tanta beleza. Num momento rezou em voz alta: “Senhor, agradeço-te pela harmonia desta árvore, pela vitalidade e beleza que ela comunica, mas agradeço, sobretudo, pela seiva escondida que lhe garante a vida”.
Quando a árvore poderosa e vaidosa ouviu isso ficou indignada e gritou: “A seiva escondida não me interessa! O que me importa é a minha beleza! Se há seiva em mim, que saia quanto antes, porque dela eu não dependo. Sou suficiente por minha beleza e minha fama”. Tendo expulsado a seiva, a árvore começou a murchar e secar. Os jardineiros da praça tentaram salvá-la, mas não chegaram a tempo. O que é pior: O tipo de madeira era tão desqualificado que, aos pedaços, foi jogada no lixão da cidade.
Cada humano carrega consigo a tendência natural da autossuficiência e uma dose de vaidade. A disputa pela excelência personalista, o jogo de poder excludente e a tentação de não admitir e excluir a seiva oculta do amor de Deus e sua graça, podem ir tecendo em nós a dramática experiência da árvore vaidosa. Valorize a seiva!
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.