Quando a fé remove montanhas
Se um jornalista chegasse ao público para registrar opiniões sobre a pergunta: “Quando a fé remove montanhas?” Tomados de surpresa, muitos nada falariam, outros tomariam ao pé da letra a pergunta e, de imediato, negariam qualquer possibilidade, outros, tentando compreender a comparação, confirmariam pessoas e fatos surpreendentes movidos pela força da fé.
Depois de uma reclamação dos discípulos por não terem conseguido expulsar um demônio, Jesus os repreende dizendo: “Foi por causa da fraqueza de vossa fé, pois em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá e ela se transportará, e nada vos será impossível” (Mt 17,19-29).
Assim como Jesus repreendeu os discípulos, também repreendeu a Pedro quando este começou caminhar sobre o mar. Vacilante ia afundar. Jesus estende a mão e lhe faz ver a carência de fé causadora desta insegurança perigosa. O mesmo Jesus que repreende seus seguidores pela pouca fé, elogia a mulher Cananeia que pedia socorro no meio da multidão por sua filha endemoninhada e lhe diz: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como queres!” (Mt 15,28). Algo parecido acontece com o Paralítico, cujo leito lhe foi apresentado a Jesus por um buraco no teto da casa. “Jesus vendo sua fé” (Mc 2,5) o liberta.
Jesus não diz que a fé deve ser do tamanho de uma montanha. Basta que seja como um grão de mostarda para remover uma montanha. Com esta imagem podemos imaginar o potencial que a fé possui dentro da vida e para a vida. Creio que seja com este argumento que há gente, com o mínimo de possibilidades, que consegue promover milagres em benefício da humanidade. Outros com grandes possibilidades fazem o mínimo ou até se aproveitam para destruir e prejudicar. Na verdade, a fé faz a diferença.
Remover montanhas é investir no bem para superar o mal; é ter a firmeza inabalável dos mártires; é denunciar as injustiças que obstaculizam a fraternidade e a solidariedade; é conseguir com o pouco fazer muito; é promover o diálogo da reconciliação quando, sem esta poderia se desencadear uma guerra; é acreditar no amor contra a onda do individualismo; é apostar na verdade, quando a mentira parece ser a qualidade dos espertos; é confiar tanto, como se tudo dependesse de Deus e ser tão responsável, como se tudo dependesse de nós.
Remover montanhas, é também acolher, sem preconceito, o convite do Papa Bento XVI, quando no início do seu pontificado e também na carta “Porta Fidei” nos diz: “A Igreja, no seu conjunto, e os Pastores, nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens para fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude” (A Porta da Fé, n. 2).
É honroso para a humanidade investir na educação da fé que possibilita a remoção de tantas montanhas, às vezes tão altas que impedem a luz do sol e o desabrochar das esperanças de um novo tempo. Do tamanho de um grão de mostarda é possível uma nova primavera. Vamos crer!
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
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