Valorizando a paz artesanal
Nesta palavra há alguns elementos significativos que iluminam o compromisso concreto na edificação da paz. Em primeiro lugar, confirmamos que a palavra artesanal está na relação com o artesão. O artesão não fica esperando milagres fáceis, nem se joga na carona dos outros para progredir.
É próprio do artesão acreditar em seu potencial, tomar a iniciativa e pôr-se em ação criativa, mesmo não tendo toda a clareza dos resultados finais. O artesão sabe que é um artífice e não pode se acomodar na espera de todo o mundo.
Em segundo lugar, o que é feito de modo artesanal é feito com arte e não de qualquer jeito. O artesão procura imprimir o melhor de sua imaginação naquilo que faz, porque sabe que sua obra também o constrói, como pessoa, e é benéfica para os outros. Nenhum artesão, que se presa, inventa com suas mãos algo prejudicial para sua história. Ser artesão verdadeiro é sempre uma honra. Em terceiro lugar, acenamos o elemento transformação, em toda a obra artesanal. O artesanato, geralmente, parte da mente para o coração e do coração para as mãos. Costuma-se dizer que toda a obra artesanal é imagem e semelhança do artesão.
O que é mesmo a paz artesanal que o Papa Francisco nos sugere? Além de gritar ao mundo para globalizar a fraternidade e a solidariedade, não a escravidão, nem a indiferença, e combater as redes transnacionais do crime organizado, o Papa nos pede para: “... praticar, no dia a dia, pequenos gestos, como: dirigir uma palavra, trocar um cumprimento, dizer ‘bom dia’, ou oferecer um sorriso etc. Estes gestos têm imenso valor e não nos custam nada, podem dar esperança, abrir caminhos, mudar a vida de uma pessoa que tateia na invisibilidade e mudar também a nossa vida” (Francisco: Mensagem do 48º Dia mundial da paz, 2015).
Há um pensamento oriental que diz: “Em geral é nas pequenas pedras do caminho que nós tropeçamos e não nas grandes, porque estas as vemos de longe”. Se muitas guerras diárias começam nas pequenas coisas do cotidiano, também a paz pode ser cultivada e promovida, de maneira artesanal, no cuidado e no cultivo das pequenas pazes de cada dia e a partir de cada pessoa que toma consciência de poder ser um artífice da paz.
A paz artesanal pode ser edificada por um gesto de humildade de quem não vê no outro um rival, nem um competidor, mas um irmão; pode ser edificada por uma palavra de estímulo a quem, normalmente se vê agredido pela indiferença, pela exclusão ou pelo desprezo. Há tanta gente agressiva, quantos são os mal amados. Podemos tecer a paz artesanal pelo silêncio oportuno, especialmente pelas obras de caridade pelas quais seremos julgados.
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
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