Novembro 27, 2024

MENSAGEM DO DIA - 13 de novembro de 2020

Uma Igreja de amores ou favores

Sabemos bem que a Igreja, como instituição, reflete com evidência o seu lado humano. É neste lado que transitam ideias corretas e ideias erradas, sentimentos nobres e sentimentos pobres, visões abertas e visões fechadas, ações gratuitas e ações interesseiras.

Quando pesa mais o lado humano e institucional, incorremos no perigo de dar à Igreja uma Identidade errada, onde os mesmos critérios e leis do mercado, ou as ideologias comandam seus rumos. Desde o primeiro momento do seu pontificado, o Papa Francisco vem insistindo que a Igreja não é uma ONG (Organização não governamental), nem uma cooperativa, ou um sindicato. A Igreja é “Uma mãe de coração aberto” (Francisco), cujo fundamento é Jesus Cristo.

Por causa do horizonte para o qual aponta a Igreja, ou ao qual está a serviço, isto é: o Reino de Deus, não há como pensá-la, nem vivê-la, a não ser como uma Igreja de amores. Jesus Cristo não passou pelo mundo de favores, mas gratuitamente passou fazendo o bem. Ele veio inaugurar o Reino da vida e do amor. Por este motivo, após um milagre acontecido, sempre insistia que não contassem a ninguém. Ele veio despertar discípulos do amor e não fanáticos.

Quando dedicamos o tempo todo da vida, ou algum tempo no serviço à Igreja, não cabe a ideia de que estamos fazendo favores, ou vivendo de favores. Mesmo que a dimensão institucional e estrutural da Igreja necessite investimentos econômicos, organizações e planejamentos, é indispensável que a alma animadora das iniciativas e atividades seja o amor e não o favor. Quando uma comunidade Igreja põe sua primeira atenção no sucesso numérico e visível, na sofisticação estrutural e na autorreferencialidade, a carroça passará à frente dos bois e não andará.

Ao falar de amores, é sempre admirável quando os responsáveis primeiros de comunidades sabem se ocupar com garra e determinação, mais pensando no povo a servir do que em desejar ser servido pelo povo. São dignos de admiração aqueles leigos e leigas, que mesmo se ocupando em sua profissão e no cuidado da família, transbordam de amores por sua Igreja e encontram tempo para se dedicar em pastorais e serviços.

Quando os amores movimentam a Igreja encontra-se um jeito de manter a chama da criatividade, não desanimar quando fracassa uma iniciativa e cultivar o mútuo apoio no caminho de renovação. Uma Igreja de amores é uma Igreja missionária, capaz de convocar os velhos amigos e as ovelhas gordas para abrir os olhos e situar as ovelhas perdidas. “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (Papa Francisco, “A Alegria do Evangelho”, n. 49).

Quando substituímos os favores pelos amores, a alegria de quem ama redobra e o serviço prestado se confirma em acertos e fecundidade. Quem vive com a mentalidade de estar fazendo favor, sempre estará exposto a melindres, descontentamentos e propenso a abandonar tudo por não ser reconhecido. Quem ama é fiel sempre.

Frei Luiz Turra

Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
Portal Santo André em Foco

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