Superando o “mais ou menos”
Tantos diálogos do cotidiano começam com perguntas como estas: Como vai a vida? Como está sua saúde? Como anda a família? E o seu trabalho vai bem? Tantas são as perguntas que abrem longas conversas de amigos, vizinhos e até pessoas desconhecidas que aparecem em nosso caminho.
Se há uma resposta a tantas perguntas formuladas que mais se ouve é esta: “Mais ou menos!”. É bem possível que seja dita mais como um chavão, do que como uma real avaliação do fato questionado. Porém, não podemos esconder o possível efeito que este tipo de resposta vai causando na pessoa que afirma e naqueles que ouvem.
“Mais ou menos!” tende mais para a depreciação do que para a valorização, mais para o risco da queda do que para o reerguimento, mais para o desânimo do que para o encorajamento, mais para a acomodação do que para a superação. “Mais ou menos!” parece ser a água morna, nem quente nem fria. Neste tipo de costume a tendência do “mais”, sempre tende a se tornar “menos”.
No Evangelho de Mateus, Cristo insiste: “Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não. O que passa disso vem do maligno” (Mt 5,37). No livro do Apocalipse, São João escreve à Igreja de Laodiceia: “Conheço a tua conduta. Não és frio, nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas porque és morno, nem frio, nem quente, estou para vomitar-te da minha boca” (Ap 3,15-16).
Creio que a maioria teve, ou tem a graça de conhecer e acompanhar pessoas, portadoras de uma força sobrenatural incontida. Na comunidade cristã, são frequentes as pessoas assim. Já acompanhei, e acompanho de perto, pacientes com câncer, em tratamento intensivo de quimioterapia e/ou radioterapia que, ao serem interrogadas sobre seu estado de saúde, respondem: “Estou muito bem e tenho certeza que vou melhorar”.
Conheço pessoas de fé que vivem verdadeiros dramas familiares e administram a vida com uma surpreendente esperança. Ao comunicarem sua avaliação das situações, nunca dizem: “Mais ou menos!”. Mas afirmam: “Está difícil! Mas a turbulência vai passar”. O saber jogar para frente e para cima é que vai desenhando o sonho da superação e da vitória.
Na verdade, não fica bem encarar situações nos critérios do “mais ou menos”. Na vida humana e na convivência, tudo é possível: o ótimo e o péssimo, o bom e o ruim, o melhor e o pior. A nossa fé cristã nos ensina que o pior já se tornou melhor, o péssimo já se fez ótimo. Cristo venceu a morte pela vida e nesta vitória básica está o princípio de toda a esperança. Não somos filhos do “mais ou menos”.
O mesmo se diga de nossa identidade e missão. Não podemos admitir amor “mais ou menos”, nem profissionais “mais ou menos”, nem pais, nem religiosos, nem sacerdotes, nem bispos ou Papa “mais ou menos”. Ou se é ou não se é. Na hora em que alguém se imagina neutro, já não é mais o que deve ser. Sempre é possível nos avaliar em nossa comunicação, para podermos superar o que pode nos levar, subliminarmente, a um insuperável pessimismo.
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
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