Superando o desânimo
A quem consultamos para nos entender com o desânimo? Este estado de espírito é tão complexo, que não temos uma chave automática de entendimento e menos ainda de solução. Muitas causas podem comprometer nosso ânimo, não só para a ação e o aprendizado, mas também para o ânimo de viver e conviver. Há indivíduos oprimidos pelo desalento, grupos e instituições contagiadas pelo vírus do desânimo, que vão arriscando as mais diversas falências. Um sábio pensador afirmou: “Quando uma porta se fecha, outra se abre. Mas, muitas vezes, ficamos por muito tempo olhando desanimados e tristes a porta fechada, que nem notamos ter-se aberto outra melhor para nós”.
A necessidade de recuperar o ânimo dos desanimados, não é só um benefício para a pessoa, mas para todos os que com ela convivem, seja para a família, para o mundo do trabalho, para a comunidade ou para a história. O próprio Moisés, sabendo que não entraria na terra prometida, foi convidado pelo Senhor, a dar ânimo a Josué para que assumisse a tarefa de conduzir o povo à posse da terra. “Dá instruções a Josué, infunde-lhe ânimo e fortaleza, porque é ele que vai atravessar o rio à frente do povo, ele lhes distribuirá em herança a terra que tu só podes avistar” (Dt 3,28).
O ânimo não é só o segredo dos bons empreendedores, mas faz parte fundamental de quem quer cultivar uma vida rica de sentido. Cultivar um ânimo que vem de dentro e se fundamenta na fé, não significa caminhar na ilusão de que, em tudo e sempre, seremos bem-sucedidos. Aliás, o verdadeiro ânimo nutre-se sempre do difícil a ser superado, do desafio a ser enfrentado, da tarefa a ser cumprida e de um viver a ser assumido com responsabilidade.
Ânimos e desânimos, muitas vezes, fazem o ritmo da vida. Porém, a autenticidade da fé sempre tem um argumento imbatível para o resgate do ânimo e da coragem. O próprio Cristo viveu momentos dramáticos de angústia, seja diante de Jerusalém que o rejeita, seja no Getsêmani e, pior ainda, na Cruz, quando se sentiu abandonado por todos e até pelo Pai.
A sensação de desânimo vai piorando, na medida em que nos fechamos e nos vemos sem recursos de profundidade. Porém, ao chegar o desânimo, nada melhor do que abrir-nos aos outros e, especialmente a Deus, para quem nada é impossível. Um dos quadros mais eloquentes de desânimo é o dos discípulos de Emaús, cuja reação foi a de regredir e fechar-se. A abertura na comunicação com o Ressuscitado fazia seus corações arder de novo até reconhecê-lo ao partir o Pão.
Assim como é complexa a entrada do desânimo em nosso viver, também é a sua saída. Porém, uma coisa é certa. Na medida em que o desânimo chega, o melhor remédio é enfrentá-lo a partir da própria decisão de sair de si, seja pela comunicação, pela boa ocupação e pelo exercício de relações globais: consigo, com os outros, com as coisas e com Deus. “Tende ânimo, eu venci o mundo!” (Jo 16,33).
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.