Os cansaços do caminho
Há uma exclamação que circula em todos os cantos deste planeta. É dita por anciãos, adultos, jovens e até crianças: “estou cansado(a)!”. Ouvir isso de um atleta depois de uma desafiadora e complicada partida, parece muito normal. Escutar um operário, depois de um dia de intenso trabalho, dizer que está cansado, é um desabafo consequente e justo. Um jovem estudante aplicado, ao chegar ao fim de um semestre e dizer que o estudo foi cansativo, revela uma realidade de sua vida. Não causa estranheza ouvir crianças, de quem muito é exigido, desabafarem seu cansaço.
Estes cansaços, seja do trabalho, do estudo, do esporte e do cotidiano agitado, são naturais e decorrentes da vida. Nada melhor do que uma noite bem dormida para recuperar as energias e começar de novo. Um Domingo tranquilo e um passeio descontraído podem refazer as forças para começar uma ótima semana de atividades e compromissos.
Porém, quando se ouve alguém dizer, com rosto triste e voz abafada: “estou cansado(a) de viver!” ali, a questão se complica. Neste mundo dos humanos, não é difícil ouvir este clamor dramático. São pessoas que já não conseguem mais levar nos ombros certos pesos, nem guardar mais o acúmulo de mágoas e ferimentos.
Cansam de viver as vítimas da indiferença que se sentem rejeitadas da família e da sociedade, as pessoas espoliadas em sua dignidade, que ao já não conseguem se identificar como humanos, as pessoas que passam de mão em mão e vão ficando descartáveis como objetos, os escravizados do trabalho forçado, os decepcionados da vida, que recorrem às drogas e aos traficantes que os conduzam à morte.
Não é tão difícil “cansar de viver”, nem tão estranho o recurso dramático do suicídio, onde se procura uma saída para uma vida que não consegue vislumbrar seu futuro. Certamente, foi para esta multidão de humanos, ameaçados pelo cansaço de viver, que Jesus Cristo dedicou sua especial atenção: “Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor” (Mc 6,34).
É bem dentro desta caminhada humana, sempre exposta ao cansaço de viver, que Jesus Cristo chega e proclama: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu peso é leve” (Mt 11,28-30).
Na medida que aumentam os riscos do cansaço de viver, também somos chamados a aperfeiçoar a responsabilidade do cuidado. E o cuidado mais eficiente e eficaz é o cultivo da fé em Jesus Cristo. É ele que nos garante o encontro da fonte para nossas sedes, do caminho para nosso peregrinar, da verdade para nossas ansiosas buscas e da vida para nossa história.
Não há como tornar-se pessoa realizada sem o “mais e o melhor” que a fé nos proporciona. “Não tenham medo de Cristo, ele não tira nada e nos dá tudo” (Bento XVI).
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
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