Eu amo minha Mãe Igreja
Ao visitar um jovem paraplégico, fiquei impressionado com sua alegria e sua fé. Em conversa espontânea, ia contando como ele ocupa o tempo em sua casa na cadeira de rodas. Além do artesanato que faz, ocupa-se em escutar rádio e acompanhar os programas religiosos das televisões católicas. Diz o jovem que num dia recebeu a visita de um amigo que o deixou inquieto. Este também ouvia rádio e via televisão, mas procurava dar atenção a tudo o que se referia ao negativo da Igreja para forçá-lo a deixar de ser católico.
Num momento de discussão o jovem paraplégico disse ao amigo: “Eu respeito a tua escolha, mas peço que tu respeites a minha, pois eu amo minha Mãe Igreja!”. Depois continuou seu discurso provando que nunca deixou de amar a sua mãe de sangue, mesmo com seus defeitos e suas doenças, porque ela era a sua mãe! Assim é com a Mãe Igreja.
Creio que não há necessidade de escolher belas palavras e argumentos lógicos e nem teológicos para amar a Mãe Igreja. Sempre foi e sempre será humana e divina. Enquanto divina pensamos a Igreja em seu lado melhor e perfeito conforme o pensamento de Deus e o amor de Cristo. Enquanto humana, a Igreja que somos nós, carrega os nossos pecados, inconsistências e feridas, mas também as virtudes de tantos santos e santas dos altares e das ruas, das igrejas e das casas.
O saudoso e querido Papa João XXIII publicou uma célebre Encíclica para iluminar a evolução social à luz da doutrina cristã: “Mater et Magistra”. Começa sua carta dizendo: “Mãe e Mestra de todos os povos, a Igreja foi fundada por Jesus Cristo, a fim de que todos, vindos no seu seio e no seu amor, através dos séculos, encontrem plenitude de vida e penhor de salvação” (1).
A figura da Mãe sempre esteve presente para definir simbolicamente a Igreja. Vale lembrar, com senso de humanidade, as palavras do jovem paraplégico. É exatamente na hora em que a Mãe se encontra mais doente e ferida que mais necessita do carinho e da presença dos filhos. É lastimável quando se ouve de pessoas católicas, ou até de responsáveis em serviços e pastorais, criticando a própria Mãe Igreja, quase torcendo para que continue piorando. Esse instinto de morte só tem a prejudicar as esperanças da humanidade.
Quando um católico aponta com o dedo indicador os defeitos da Igreja, lembre-se que os outros três dedos estão voltados para ele. Afinal: “Eu sou Igreja, tu és Igreja, nós somos a Igreja do Senhor!”. Diz o Papa Francisco: “Nós, mulheres e homens de Igreja estamos no meio de uma história de amor. Cada um de nós é um elo desta cadeia de amor. E se nós não entendemos isso, não entendemos nada do que seja a Igreja. Então, o que é a Igreja no concreto? É Mãe!... E nós, todos juntos, somos uma família na Igreja que é nossa Mãe” (Homilia na Missa do dia 24/04/2013).
Creio que uma boa campanha de autoestima poderia melhorar a nossa identidade como Igreja e torná-la mais fermento de transformação. Francisco começou reconstruindo a Igreja! Podemos fazer a nossa parte.
Frei Luiz Turra
Portal Santo André em Foco
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