A alegria de viver agora
É comprovado que os assuntos mais comentados, hoje, nos encontros informais, nas ruas, nas famílias, no trabalho e também nos meios de comunicação social, são assuntos de crises, doenças, dificuldades, decepções e desalentos. E o pior é que, em lugar de melhorar o discurso do cotidiano, parece complicar-se cada vez mais, porque os problemas de hoje são globalizados. Rapidamente mudam os cenários e também as disposições de investir no melhor.
Nesta situação, corremos o risco de encarar os tempos novos, como sendo tempos que devemos viver inevitavelmente. Por isso nos resignamos passivamente; afligimo-nos e vamos tecendo nossas lamentações, ampliando a lista de nossas agruras. Outra forma de nos trair é procurar fugir do nosso momento presente, repetindo o refrão: “No passado era melhor!”. Com o pretexto de que estamos envolvidos na incerteza e nos desafios dos tempos novos, arriscamos duvidar de tudo e de todos. Na queda da confiança deslizamos para um isolamento no tempo e no espaço, aumentando a multidão dos solitários.
A primeira coisa que se pede a nós, cristãos, é que amemos o nosso tempo, que não vivamos de amargas lamentações e nem sonhemos com uma paz que não nasça da cruz. Cada um de nós é chamado a descobrir e cultivar a responsabilidade, a dor e o júbilo da nossa hora, as exigências renovadoras de nosso tempo. É importante para a vida e a fé repetir sempre de novo a sábia pergunta: “O que me pede hoje o Senhor?”. O que esperam e aguardam hoje de mim os meus irmãos e minhas irmãs?
Diante dos novos e muitos desafios do nosso tempo, resta uma única resposta: a fidelidade ao nosso momento, a alegria insubstituível de viver este único tempo colocado por Deus à nossa disposição. “Minha alma está agora conturbada! O que direi? Pai, livra-me desta hora? Foi precisamente para esta hora que eu vim” (Jo 12,27).
O que significam os tempos novos? Como se apresentam? É lógico que qualquer tempo, vivido em plenitude, é novo todo dia. Quando entramos na monotonia da vida e nos deixamos envolver pela ideia de que os dias são irremediavelmente iguais, envelhecemos logo. Assim tudo se torna pesado e triste, seja o trabalho, a convivência familiar e social e até mesmo nossas práticas religiosas. As coisas repetidas diariamente com superficialidade e sem amor, nos cansam.
Os tempos novos, com suas incontáveis descobertas e progressivos avanços em seus meios, pressionam sempre mais as pessoas à exterioridade e à superficialidade. Possivelmente aqui está uma grande causa de nosso desconforto e insegurança. É neste contexto que se manifesta o incontido clamor de nossa interioridade a fazermos a experiência de Deus.
Os tempos novos são também fecundados pela ação do Espírito Santo e tempos favoráveis. É a alegria de viver agora, nestes tempos difíceis do Reino, mas providenciais para uma fé mais vigorosa, uma esperança mais animadora e um amor mais sincero.
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
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