Animados e animadores
Conhecer a origem da palavra pode nos ajudar a entender melhor sua verdade e densidade. A palavra “ânimo” vem da língua latina. Tem a ver com vida, disposição de espírito, coragem e determinação. Penso que mais do que a simples palavra é tão importante ser animado e animador, como conviver com pessoas animadas e animadoras.
Ânimo e desânimo andam lado a lado, como o bem e o mal, o ótimo e o péssimo. O cenário dos humanos vê um pouco de tudo: gente animada e empreendedora e gente desanimada e desanimadora. Há pessoas andando com toda a velocidade, motivadas em acumular para si e há gente magnânima que investe todas as energias em promover os outros. Vemos ao nosso redor, pessoas que não param de lutar por causas justas e por grandes amores, e gente que deixa o tempo correr sem qualquer empenho construtivo. O que é pior é ver pessoas como um imenso potencial destruindo vidas e bens da sociedade.
O que torna alguém animado e animador do jeito certo? O tempo é o grande juiz. Já ouvimos falar muito de “fogo de palha”. Acende rápido e se apaga rapidamente. Assim são as pessoas que se entusiasmam num momento de forte clima emocional; prometem mudar de vida e fazer milagres e, passando ao cotidiano da normalidade da vida, terminam o gás e voltam à mediocridade.
Animados e animadores do jeito certo, são as pessoas que carregam consigo um combustível para a vida, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e até à morte. Francisco de Assis, sempre foi animado. Até os vinte e cinco anos, de um jeito equivocado. Depois dos vinte e cinco anos, entrando no processo de conversão, tornou-se animado e animador a ponto de abraçar, com ânimo e louvor a criação e o Criador, na doença e na morte.
Animados e animadores do jeito certo são os que carregam e cultivam um segredo interior, chamado mística cristã. É como uma fonte e um rio subterrâneo que abastece as nascentes do caminho sem jamais secar. Não são anjos, mas humanos que se agarram no Mistério Pascal de Cristo. Estes e estas conseguem fazer a leitura pascal da vida e da história na certeza de que a cruz faz parte de nossa bagagem cotidiana, mas a ressurreição é sempre o final feliz de nosso investimento de amor.
Às dez mil pessoas, congressistas da Diocese de Roma, no dia 19 de junho de 2013, o Papa Francisco dizia animado e animador: “Os cristãos devem ser revolucionários. Não devemos ficar sentados rezando, lamentando-nos ou esperando uma ajuda do céu. Temos que atuar! Ir às periferias, não desanimarmos, embora não seja fácil. Coragem! É a palavra chave. Sem coragem não vamos a lugar nenhum”.
Continua o Papa: “Cada vez mais adolescentes estão sem esperança. Fala-se de suicídios, depressões. A primeira tarefa do cristianismo é restaurar a Esperança, restaurar a Vida com V maiúsculo”. Enfim, em tempos de acentuados desencantos entre tantos meios sofisticados e com fins equivocados, necessitamos resgatar o ânimo de viver, habitar esta terra e conviver segundo os projetos de nosso Deus sempre animado e animador.
Frei Luiz Turra
Pesquisa: Arimatéa Porto
COMECE O DIA FELIZ
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