As vendas do comércio varejista cresceram 0,6% em novembro, na comparação com outubro, impulsionadas pelas promoções da Black Friday, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da 7ª alta mensal consecutiva do setor.
Já na comparação com novembro do ano passado houve alta de 2,9%, oitava taxa positiva seguida nessa comparação.
No acumulado no ano, o avanço das vendas do comércio chega a 1,7%. Em 12 meses, no entanto, a alta acumulada passou de 1,8% em outubro para 1,6% em novembro, o que sinaliza "perda de ritmo nas vendas", segundo o IBGE.
Resultado abaixo do esperado
Os resultados ficaram bem abaixo do esperado pelo mercado. Pesquisa da Reuters com analistas estimava avanços de 1,1% na comparação mensal e de 3,8% sobre um ano antes.
O IBGE informou ainda que a receita nominal do varejo (que não desconta a inflação) cresceu 0,9% na passagem de outubro para novembro de 2019 e 4,9% na comparação interanual.
O comércio deve fechar o ano de 2019 mais uma vez no positivo (3ª alta anual seguida), mas ainda não irá repor as perdas de 2015 e 2016. Segundo o IBGE, o volume de vendas atingiu em novembro o maior patamar desde dezembro de 2016, período crítico da crise no setor, mas segue 3,7% abaixo do recorde alcançado em outubro de 2014.
Efeito Black Friday
Entre as 8 atividades pesquisadas, 4 tiveram altas, sendo que três delas foram diretamente influenciadas pelas promoções da Black Friday ocorridas em novembro, segundo o IBGE: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,1%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (1%); e móveis e eletrodomésticos (0,5%).
No acumulado em 12 meses, as vendas do segmento "outros artigos de uso pessoal e doméstico", que engloba as vendas online e as lojas de departamentos, registram aumento de 4,8%. Já móveis e eletrodomésticos acumulam avanço de 1,1%, apontando tendência de recuperação.
“A Black Friday de 2019 foi melhor que a de 2018 para o comércio”, afirmou a gerente da pesquisa Isabella Nunes. Segundo ela, o índice que mede o patamar de volume de vendas do comércio varejista ficou 1,6% acima do observado no mesmo período do ano anterior.
O melhor resultado nas vendas, segundo a pesquisadora, tem relação com a melhora da conjuntura econômica do país.
“Tem a ver com o mercado de trabalho se recuperando gradualmente, tanto em termos de massa salarial quanto de pessoal ocupado, com uma inflação controlada e com algum recurso extra liberado em novembro. Um diferencial que impactou nessa recuperação foi a taxa de juros, que nunca esteve tão baixa”, avaliou.
Por outro lado, houve queda em novembro nas vendas dos segmentos de tecidos, vestuário e calçados (-0,2%) e combustíveis e lubrificantes (-0,3%).
Já o setor de maior peso no índice, hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,0%), ficou estável ante outubro, acumulando alta de 0,8% em 12 meses.
Veja o desempenho de cada segmento em novembro:
Queda nas vendas de veículos
A pesquisa mostra ainda que no comércio varejista ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 0,5% em novembro, na comparação com outubro, interrompendo oito meses de crescimento contínuo. A queda foi pressionada pelo setor de veículos, motos, partes e peças (-1%), enquanto material de construção teve leve recuo (0,1%).
De janeiro a novembro, o varejo ampliado acumulou ganho de 3,8%. Em 12 meses, a alta acumulada passou de 3,8% em outubro para 3,6% em novembro, também sinalizando um recuo no ritmo de vendas.
Vendas sobem em 22 dos 27 estados
Regionalmente, as vendas do varejo cresceram em 22 dos 27 estados em novembro, com destaque para Roraima (9,3%), Rondônia (8,5%) e Acre (6,7%). Houve queda apenas em 5 estados, com destaque para Amapá e Rio Grande do Norte (ambos com -0,7%) e Santa Catarina e Distrito Federal (ambos com -0,6%).
Perspectivas
Apesar do balanço anual positivo do comércio, dados divulgados até o momento mostram uma perda de ritmo da atividade econômica em novembro.
Na véspera, o IBGE divulgou que o setor de serviços teve queda de 0,1% em novembro– pior resultado para meses de novembro desde 2016. Já a produção industrial caiu 1,2% em novembro, interrompendo uma sequência de 3 altas seguidas.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, os resultados de novembro não revertem a tendência de melhora relativa da atividade econômica no país, mas "acende a luz amarela ao apontar que a oferta fraquejou de fato".
O mercado financeiro trabalha com uma estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 um pouco acima de 1%, após avanço de 1,3% em 2017 e em 2018%. O governo projeta uma alta de 1,12% no PIB do ano passado.
Para 2020, os analistas das instituições financeiras projetam um desemprenho melhor da economia, com crescimento de 2,30% do PIB, segundo a última pesquisa do Banco Central.
"As condições monetárias favoráveis são um importante fator de estímulo para a economia. Mas o elevado endividamento das famílias tende a limitar a recuperação do consumo via crédito; e alguns fatores que têm estimulado a demanda, como a liberação de recursos do FGTS, tendem a perder intensidade ao longo do ano", alerta a equipe da LCA Consultores.
G1
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