O dólar passou a subir após um início de negócios em queda nesta sexta-feira (29), em sessão volátil marcada pela formação da Ptax, com os investidores de olho na decisão do banco central chileno de intervir no câmbio local.
Às 15h37, a moeda norte-americana tinha alta de 0,21%, a R$ 4,2248. Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 4,2394.
Na véspera, o dólar fechou em queda de 1%, vendido a R$ 4,2158 – um pequeno alívio na cotação após três recordes de alta seguidos. No entanto, no mês ainda há alta acumulada de 5,14%. No ano, o avanço é de 8,82%.
Segundo Cleber Alessie Machado, operador da H.Commcor, a alta da moeda deve-se à formação da Ptax, evento que tradicionalmente adiciona volatilidade aos negócios.
"No último dia útil sempre há formação da Ptax, e sempre há brigas", disse ele à Reuters. "Por conta dessa mudança drástica na cotação que vimos ao longo deste mês, a disputa promete ser intensa. Hoje vamos ter muitos movimentos técnicos e especulativos sem nenhuma manchete relevante."
BC muda estratégia de atuação
A disparada da moeda nesta semana foi desencadeada por comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que a alta do dólar pode permanecer por algum tempo. Depois da fala do ministro, os mercados começaram a forçar o patamar da moeda, em busca de sinais dos limites de intervenção do Banco Central. O BC respondeu, promovendo leilões extraordinários para atenuar os problemas de liquidez.
Entre terça e quarta, o BC realizou três ofertas líquidas de dólar à vista, informando as operações no decorrer do pregão. Mas ao final da quarta-feira, o BC anunciou estratégia diferente ao anunciar oferta líquida de até US$ 1 bilhão em moeda à vista para o pregão desta quinta-feira, em tentativa de melhorar a previsibilidade ao mercado e ajudar a acalmar a cotação do dólar.
Com os quatro leilões realizados desde terça-feira, o BC "demonstrou que está preocupado com o nível e a dinâmica do câmbio", disse ao Valor Online Roberto Campos, sócio e gestor da Absolute Investimentos. "Até agora conseguiu equilibrar o jogo, mas também não veio com um volume muito grande para tentar segurá-lo.
Ele avalia que o risco dessa estratégia, caso prolongada, é de ameaçar o corte de 0,50 ponto porcentual da taxa básica de juros (Selic), esperada para dezembro.
O que explica a alta recente
A alta do dólar tem como pano de fundo também a preocupação com a desaceleração da economia mundial e as incertezas em torno das negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos para colocar fim à guerra comercial que se arrasta desde o começo de 2018.
Preocupações com o movimento de saída de dólares do país, que enfraquece o câmbio, também contribuem para a desvalorização do real.
Além disso, também influenciam a maior tensão social em diversos países na América Latina, além do corte dos juros no Brasil, o que também contribui para manter afastado um fluxo maior de capital externo para o mercado brasileiro.
G1
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