O dólar opera em queda nesta quinta-feira (28), após ter renovado na véspera recorde nominal de fechamento pelo terceiro dia seguido, em dia de movimento mais tranquilo por causa do feriado que fecha as bolsas americanas e após o Banco Central leiloar US$ 1 bilhão no mercado à vista.
Às 11h30, a moeda norte-americana caía 0,32%, a R$ 4,2449. Na mínima até o momento chegou a R$ 4,2399.
No dia anterior, o dólar fechou a R$ 4,2584, em alta de 0,45%. Na máxima da sessão, chegou a R$ 4,2711. Na parcial do mês, o avanço chega a 6,20% frente ao real. No ano, a valorização chega a 9,92%.
O BC anunciou na véspera que faria nesta quinta um novo leilão extraordinário, com oferta líquida de até US$ 1 bilhão em moeda à vista, mudando a estratégia de intervenção em medida que pode dar mais previsibilidade ao mercado e ajudar a acalmar a cotação do dólar.
No exterior, o mercado permanece de olho nas tensões comerciais, depois que a China alertou os EUA que tomará "contramedidas firmes" em resposta à legislação norte-americana que apoia manifestantes contrários ao governo em Hong Kong, dizendo que tentativas de interferir na cidade com comando chinês estão "fadadas ao fracasso".
BC muda estratégia de atuação
A disparada da moeda nesta semana foi desencadeada por comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que a alta do dólar pode permanecer por algum tempo. Depois da fala do ministro, os mercados começaram a forçar o patamar da moeda, em busca de sinais dos limites de intervenção do Banco Central. O BC respondeu, promovendo leilões extraordinários para atenuar os problemas de liquidez.
Entre terça e quarta, o BC realizou três ofertas líquidas de dólar à vista, informando as operações no decorrer do pregão. Mas ao final da quarta-feira, o BC anunciou estratégia diferente ao anunciar oferta líquida de até US$ 1 bilhão em moeda à vista para o pregão desta quinta-feira, em tentativa de melhorar a previsibilidade ao mercado e ajudar a acalmar a cotação do dólar.
Com os quatro leilões realizados desde terça-feira, o BC "demonstrou que está preocupado com o nível e a dinâmica do câmbio", disse ao Valor Online Roberto Campos, sócio e gestor da Absolute Investimentos. "Até agora conseguiu equilibrar o jogo, mas também não veio com um volume muito grande para tentar segurá-lo.
Ele avalia que o risco dessa estratégia, caso prolongada, é de ameaçar o corte de 0,50 ponto porcentual da taxa básica de juros (Selic), esperada para dezembro.
O que explica a alta
A alta do dólar tem como pano de fundo também a preocupação com a desaceleração da economia mundial e as incertezas em torno das negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos para colocar fim à guerra comercial que se arrasta desde o começo de 2018.
O movimento de saída de dólares do país, que enfraquece o câmbio, também contribui para a desvalorização do real. Em outubro, o déficit nas transações correntes chegou a US$ 7,9 bilhões, maior que os US$ 5,8 bilhões projetados pelo Banco Central (BC) e com o investimento estrangeiro abaixo do esperado.
Além disso, também influenciam a maior tensão social em diversos países na América Latina, além do corte dos juros no Brasil, o que também contribui para manter afastado um fluxo maior de capital externo para o mercado brasileiro.
G1
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