Janeiro 09, 2025

Caderneta de poupança tem saída de R$ 15,4 bilhões em 2024, melhor resultado em quatro anos

As retiradas de recursos das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 15,44 bilhões em todo ano de 2024, informou nesta quarta-feira (8) o Banco Central (BC).

De acordo com a instituição, em 2024:

  • os depósitos somaram R$ 4,17 trilhões;
  • as retiradas totalizaram R$ 4,21 trilhões.

A saída de valores da poupança em 2024 foi menor que a do ano anterior – quando mais de R$ 87,8 bilhões deixaram a modalidade de investimentos.

Esse também foi o melhor resultado, em termos de captação (saída ou retirada de valores) desde 2020, quando foi contabilizado o ingresso de US$ 166 bilhões na poupança.

Naquele ano, houve forte ingresso de recursos na poupança por conta do pagamento do auxílio emergencial durante a fase mais aguda da pandemia da Covid-19.

Mesmo com a retirada de recursos da poupança no último ano, o estoque dos valores depositados, ou seja, o volume total aplicado, registrou aumento para R$ 1,03 trilhão.

Em dezembro de 2023, o volume total somou R$ 983 bilhões. O aumento aconteceu por conta dos rendimentos creditados nas contas dos poupadores.

Cenário da economia
A menor retirada de recursos da caderneta de poupança aconteceu em um cenário de melhora da economia no último ano, com queda do desemprego e crescimento robusto do nível de atividade.

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês passado, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,1% no trimestre terminado em novembro.

Pelo segundo mês seguido, o país atingiu a menor taxa de desocupação de toda a série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.

Ao mesmo tempo, indicadores do nível de atividade seguiram mostrando aquecimento econômico. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre do ano passado, mostrou crescimento de 0,9%.

Esse foi o 13º resultado positivo consecutivo do indicador. O Brasil cresceu tanto quanto a China no período, só ficando atrás de Indonésia e México no G20.

As perspectivas para o crescimento neste ano, entretanto, são menores diante do aumento de gastos públicos e da disparada do dólar, fatores que têm levado o Banco Central a subir a taxa de juros. Analistas projetam uma expansão da economia de 3,5% em 2024, e de 2% neste ano.

Os números do Banco Central mostraram estabilidade no endividamento da população, que seguiu em quase 48% da renda comprometida nos últimos doze meses.

A comparação foi de outubro deste ano, contra dezembro de 2023. A inadimplência das pessoas físicas também ficou estável em 3,7% em novembro de 2024, mesmo valor do fechamento de 2023.

Rendimento da poupança
A caderneta de poupança segue com rendimento limitado. Isso ocorre porque, com as regras vigentes, quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados).

De acordo com analistas ouvidos pelo g1, o retorno da poupança tem perdido para outras aplicações em renda fixa.

Eles apontaram que investimentos no Tesouro Direto, em CDBs e também CDIs têm registrado melhor desempenho em um cenário de alta dos juros básicos da economia, e que a renda fixa deve continuar atrativa em 2025.

Em relatório para investidores, a XP recomenda títulos públicos atrelados ao IPCA, com vencimentos intermediários (com cerca de cinco anos de prazo). Sugere, ainda, a compra de títulos pós-fixados, isto é, atrelados ao CDI.

  • Atualmente, a taxa Selic, definida pelo Banco Central para tentar conter a inflação, está em 12,25% ao ano. Esse é o maior nível desde novembro de 2023 e, em termos reais, está entre os juros mais altos do mundo.
  • E o Banco Central já indicou que vai subir mais ainda a taxa no começo deste ano, o que já gerou reflexo na curva de juros futura, utilizada como referência pelo mercado financeiro.
  • Segundo analistas, o aumento de gastos e a disparada do dólar têm contribuído para impulsionar as expectativas de inflação do mercado e do Banco Central.

Em análise divulgada em dezembro do ano passado, o UBS avaliou que, com a perspectiva de juros mais altos por mais tempo, o mercado brasileiro de ações deve seguir sofrendo a concorrência de taxas de juros mais altas e apresentar a mesma dificuldade de desempenho que apresentou em 2024.

"Assim, a alocação em renda variável não é uma prioridade nesse momento e entramos 2025 com alocação em níveis neutros para padrões históricos e reconhecemos a dificuldade dessa classe desempenhar diante da concorrência de juros no Brasil e de desempenho excepcional das bolsas dos Estados Unidos", diz o UBS, no documento.

g1
Portal Santo André em Foco

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