O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que já esperava um aumento da inflação neste ano em função do cenário internacional, mas observou que o dólar registrou queda nos últimos dias e pregou cautela no acompanhamento dos números — para fixação da taxa básica de juros pelo Banco Central.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou mais cedo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,38% em julho. Em doze meses até julho, a inflação somou 4,5%, no limite do sistema de metas para a inflação.
"O BC tem mandato para cuidar da inflação (...) O BC tem falado a respeito, o dólar teve uma queda significativa nos últimos dias. E a gente espera que esses números [da inflação] convirjam para patamares inferiores. Mas nós esperávamos, em função do que esta acontecendo no mundo, que houvesse alguma mexida na inflação nesse ano", disse Haddad a jornalistas.
"Vamos acompanhar com calma, o BC já parou os cortes. Nós vamos acompanhar com calma e analisar com calma. Há muita coisa para acontecer esse ano, sobretudo no cenário internacional. Temos de ter cautela agora", completou o ministro.
Haddad acrescentou que os números do IBGE também mostram "boas notícias em relação à cesta básica, aos preços de alimentos". "Nós temos que acompanhar sem ansiedade e tomar as medidas necessárias para o Brasil continuar crescendo com a inflação baixa", afirmou.
A declaração do ministro acontece após o Banco Central ter informado nesta terça-feira (6), por meio ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que 'não hesitará em elevar a taxa de juros' se julgar apropriado.
Nesta quinta-feira (8), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e cotado para ser o próximo presidente da instituição a partir de 2025, afirmou que "todos diretores [do BC, com voto na definição da taxa de juros] estão dispostos a fazer o que for necessário para cumprir a meta [de inflação]".
"Se por acaso, o poder democraticamente eleito [governo federal] conviver com uma economia onde seja necessário um esforço de política monetária inferior [juro menor] ao esforço necessário para persecução de uma meta de 3% há uma maneira institucional legal, objetiva e simples para que o poder democraticamente eleito transfira esse comando ou orientação para a autoridade monetária, que é o decreto da meta de inflação. Você altera a meta de inflação", afirmou Galípolo na ocasião.
No mesmo dia, Lula também falou sobre o assunto. O presidente disse "acreditar" que todos os indicadores da economia brasileira são positivos, mesmo diante do cenário internacional adverso.
"A gente se mantém numa situação boa. Emprego está crescendo, salário está crescendo, massa salarial está crescendo, desemprego está caindo e a inflação está totalmente equilibrada. Esse é um dado muito importante, porque toda vez que falam em inflação, eu fico muito preocupado", afirmou.
Segundo Lula, quando trabalhava em fábrica conviveu inflação de 80% ao mês. Por isso, sabe o quanto é "devastador a inflação alta para vida do trabalhador". Lula frisou ainda que "quanto mais baixa" for a inflação, "melhor para a sociedade brasileira".
Como as decisões são tomadas
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o Banco Central olha para o futuro, e não para a inflação corrente, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. Neste momento, a instituição já está mirando na meta deste ano, e também para o segundo semestre de 2025 (em doze meses).
g1
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