Novembro 24, 2024

Copom tem reunião nesta quarta e deve reduzir juro para 11,25%, menor nível em dois anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (31) e deve reduzir a taxa básica de juros da economia de 11,75% para 11,25% ao ano. A decisão será anunciada após as 18h.

O corte de 0,5 ponto percentual é a aposta da maior parte dos economistas dos bancos. Se confirmada, essa será a quinta redução seguida na taxa Selic — que cairá ao menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75% ao ano.

Considerando o comportamento da inflação, a projeção do mercado financeiro é de que a taxa de juros continue recuando ao longo de 2024, e que termine este ano em 9% ao ano.

O Banco Central norte-americano também define a sua taxa básica de juros nesta quarta – quando isso acontece, economistas brasileiros chamam o dia de "Super Quarta". Por lá, a expectativa é de manutenção dos juros no patamar atual, entre 5,25% e 5,5%.

Como as decisões são tomadas
Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC faz projeções para o futuro.

Neste momento, a instituição já está mirando na meta do ano que vem, e também para o primeiro semestre de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.

  • A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
  • A partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida.
  • Na semana passada, os economistas do mercado financeiro estimaram que a inflação de 2024 somará 3,81% e, a de 2025, 3,50%.

Em comunicado, a XP avaliou que não há motivos, neste momento, para o BC alterar seu "plano de voo", que prevê cortes de juros nesta e nas próximas reuniões do Copom.

"Isto se deve, por um lado, pela tendência benigna de inflação, e por outro, pelo aumento das tensões geopolíticas e aceleração dos salários reais no mercado de trabalho doméstico. Além disso, as taxas de juros nos Estados Unidos, que precificam os ativos ao redor do mundo, permanecem voláteis. Por este motivo, nesse momento, não consideramos um cenário alternativo", informou.

Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, projeta novo corte de juros nesta semana, mas acrescenta que o cenário para os próximos meses demanda cautela por parte do Banco Central.

"Teremos desafios que poderão alterar as expectativas. Precisaremos acompanhar o comportamento da inflação de serviços, mas não somente isso. É preciso entender que desenho fiscal [contas públicas] será adotado, além das questões da pauta tributária a serem definidas", avaliou.

Consequências
De acordo com especialistas, a redução da taxa de juros no Brasil terá algumas consequências para a economia. Veja abaixo algumas delas:

  • Redução das taxas bancárias: a tendência é que os cortes de juros sejam repassados aos clientes. Em outubro, a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas recuou pelo sexto mês seguido e atingiu o menor patamar desde setembro de 2022. Os dados são do Banco Central.
  • Crescimento da economia: com juros mais baixos, a expectativa é de um comportamento melhor do consumo da população e, também, de melhora dos investimentos produtivos, impactando positivamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Os dados de atividade surpreenderam positivamente no ano passado.
  • Melhora das contas públicas: as reduções de juros também favorecem as contas públicas, pois diminuem as despesas com juros da dívida pública. Em 2022, a despesa com juros somou R$ 586 bilhões. Na porcentagem do PIB (5,96%), foi o maior patamar desde 2017. Analistas estimaram que a redução dos juros pode gerar economia de R$ 100 bilhões em 2024.
  • Impacto nas aplicações financeiras: investimentos em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, porém, tendem a ter um rendimento menor, com o passar do tempo, do que teriam com juros mais elevados. Com a queda da Selic, a tendência é que os investimentos em renda variável fiquem mais atrativos.

g1
Portal Santo André em Foco

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