Setembro 24, 2024

Famílias brasileiras desperdiçam mais de um salário mínimo por ano jogando comida no lixo, diz pesquisa

Uma família brasileira de três pessoas desperdiça, em média, R$ 1.630 por ano jogando comida no lixo — mais de R$ 300 acima do salário mínimo, atualmente em R$ 1.320.

É o que mostra um levantamento da empresa de alimentos Hellmann's, feito com base em dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Em outra frente, a pesquisa também identificou que 8 em cada 10 brasileiros declararam ter jogado alimentos no lixo em julho deste ano.

Os hábitos e a desatenção dos consumidores estão entre os principais motivos para a perda de produtos. Quase metade dos entrevistados afirmaram, por exemplo, ter deixado ingredientes e sobras ainda em bom estado envelhecerem e estragarem na geladeira.

"Os dados deixam claro que ninguém quer jogar comida no lixo, mas reforçam alguns gatilhos que levam ao desperdício", diz o estudo. Entre eles, está o hábito de descartar alimentos nutritivos que apresentam imperfeições. "Outro é a correria do cotidiano: 21% dizem que gostariam de ser mais ativos contra o desperdício, mas não conseguem conciliar muitos esforços com a correria do dia a dia."

Veja os principais pontos da pesquisa:

  • Uma família brasileira desperdiça, em média, R$ 1.630 jogando alimentos no lixo;
  • 82% dos entrevistados declararam ter jogado alimentos fora em julho deste ano;
  • Desperdício se agrava quanto mais jovem e maior a renda;
  • Esquecer ingredientes na geladeira e jogar fora sobras de panelas e pratos após refeições são os principais motivos de desperdício;
  • Arroz, legumes e saladas são os principais alimentos perdidos;
  • Segunda-feira é o dia da semana mais propenso a perda de alimentos.

Classe social e faixa etária
A pesquisa reforça que as classes mais ricas (A e B) são as que mais desperdiçam: 89% dos entrevistados afirmaram ter jogado comida fora no último mês.

Na sequência, 80% dos brasileiros da classe C declararam a perda de alimentos no mês passado. Por último, nas classes mais baixas (D e E), 78% disseram ter desperdiçado no período.

O estudo também considerou a faixa etária dos entrevistados (acima de 18 anos). A conclusão foi que, quanto mais novos, maior o índice de desperdício:

  • de 18 a 25 anos - 85%;
  • de 30 a 49 anos - 82%;
  • acima de 50 anos - 77%.

Hábito e desatenção: os motivos dos descartes
O levantamento detalhou ainda os principais "erros" cometidos pelos entrevistados e que levam ao desperdício.

  • 44% descartaram alimentos que ficaram esquecidos na geladeira, sem vontade de utilizá-los;
  • 44% disseram ter descartado sobras de comida nas panelas e pratos após as refeições;
  • 38% jogaram fora alimentos por passarem o prazo de validade;
  • 8% declararam descartar por saber que não iriam consumir aquele alimento posteriormente;
  • e 4% indicaram outros motivos.

Os alimentos mais descartados e a 'segunda-feira do desperdício'
De acordo com o levantamento, os itens mais desperdiçados são o arroz, os legumes e as saladas, apontados por 1 a cada 3 entrevistados. O ranking de descarte ficou assim:

  • arroz: 34,8%;
  • legumes: 33,6%;
  • saladas: 32,3%;
  • pães: 25,5%;
  • feijão: 25,4%;
  • lácteos: 21%;
  • molhos e condimentos: 17,1%;
  • refrigerante: 9,7%;
  • proteínas: 8,3%.

A pesquisa também revelou que as pessoas estão mais propensas a desperdiçar às segundas-feiras. Isso porque, segundo os brasileiros ouvidos, esse é o dia da semana em que há mais sobras de alimentos em casa. Em seguida, os dias de maior descarte são o domingo e a sexta-feira.

O levantamento, encomendado pela Hellmann’s à empresa de pesquisa de mercado Opinion Box, entrevistou 867 pessoas com mais de 18 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, em julho deste ano.

Fome no Brasil e no mundo
Os dados contrastam com a fome no Brasil. Segundo um relatório publicado pela ONU em julho deste ano, 21 milhões de pessoas no país não têm o que comer todos os dias, 70,3 milhões enfrentam insegurança alimentar e 10 milhões são consideradas desnutridas.

Já no mundo, 735 milhões de pessoas (9,2% da população) não tiveram o que comer nos últimos três anos (de 2020 a 2022) — 122 milhões de pessoas a mais que 2019.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (WFP), o mundo tem produzido o suficiente para alimentar toda a população mundial. São as políticas públicas eficazes, no entanto, que podem reverter essa realidade.

"Até o ano de 2030, muito tem que ser feito. Os países têm que pensar de uma forma unificada em modificar os sistemas alimentares e nutricionais para que a gente consiga atacar os problemas", disse Daniel Balan, representante da WFP e diretor do Centro de Excelência contra a Fome.

"Não é possível que nós aceitemos pessoas que não tenham comida, que estejam agora sem condições comprar um prato de comida para si e para a sua família”, concluiu.

g1
Portal Santo André em Foco

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