Uma família brasileira de três pessoas desperdiça, em média, R$ 1.630 por ano jogando comida no lixo — mais de R$ 300 acima do salário mínimo, atualmente em R$ 1.320.
É o que mostra um levantamento da empresa de alimentos Hellmann's, feito com base em dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Em outra frente, a pesquisa também identificou que 8 em cada 10 brasileiros declararam ter jogado alimentos no lixo em julho deste ano.
Os hábitos e a desatenção dos consumidores estão entre os principais motivos para a perda de produtos. Quase metade dos entrevistados afirmaram, por exemplo, ter deixado ingredientes e sobras ainda em bom estado envelhecerem e estragarem na geladeira.
"Os dados deixam claro que ninguém quer jogar comida no lixo, mas reforçam alguns gatilhos que levam ao desperdício", diz o estudo. Entre eles, está o hábito de descartar alimentos nutritivos que apresentam imperfeições. "Outro é a correria do cotidiano: 21% dizem que gostariam de ser mais ativos contra o desperdício, mas não conseguem conciliar muitos esforços com a correria do dia a dia."
Veja os principais pontos da pesquisa:
Classe social e faixa etária
A pesquisa reforça que as classes mais ricas (A e B) são as que mais desperdiçam: 89% dos entrevistados afirmaram ter jogado comida fora no último mês.
Na sequência, 80% dos brasileiros da classe C declararam a perda de alimentos no mês passado. Por último, nas classes mais baixas (D e E), 78% disseram ter desperdiçado no período.
O estudo também considerou a faixa etária dos entrevistados (acima de 18 anos). A conclusão foi que, quanto mais novos, maior o índice de desperdício:
Hábito e desatenção: os motivos dos descartes
O levantamento detalhou ainda os principais "erros" cometidos pelos entrevistados e que levam ao desperdício.
Os alimentos mais descartados e a 'segunda-feira do desperdício'
De acordo com o levantamento, os itens mais desperdiçados são o arroz, os legumes e as saladas, apontados por 1 a cada 3 entrevistados. O ranking de descarte ficou assim:
A pesquisa também revelou que as pessoas estão mais propensas a desperdiçar às segundas-feiras. Isso porque, segundo os brasileiros ouvidos, esse é o dia da semana em que há mais sobras de alimentos em casa. Em seguida, os dias de maior descarte são o domingo e a sexta-feira.
O levantamento, encomendado pela Hellmann’s à empresa de pesquisa de mercado Opinion Box, entrevistou 867 pessoas com mais de 18 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, em julho deste ano.
Fome no Brasil e no mundo
Os dados contrastam com a fome no Brasil. Segundo um relatório publicado pela ONU em julho deste ano, 21 milhões de pessoas no país não têm o que comer todos os dias, 70,3 milhões enfrentam insegurança alimentar e 10 milhões são consideradas desnutridas.
Já no mundo, 735 milhões de pessoas (9,2% da população) não tiveram o que comer nos últimos três anos (de 2020 a 2022) — 122 milhões de pessoas a mais que 2019.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (WFP), o mundo tem produzido o suficiente para alimentar toda a população mundial. São as políticas públicas eficazes, no entanto, que podem reverter essa realidade.
"Até o ano de 2030, muito tem que ser feito. Os países têm que pensar de uma forma unificada em modificar os sistemas alimentares e nutricionais para que a gente consiga atacar os problemas", disse Daniel Balan, representante da WFP e diretor do Centro de Excelência contra a Fome.
"Não é possível que nós aceitemos pessoas que não tenham comida, que estejam agora sem condições comprar um prato de comida para si e para a sua família”, concluiu.
g1
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