O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, opera instável nesta sexta-feira (10), após forte recuo na véspera em meio a rumores de que a equipe econômica avalia uma revisão antecipada das metas de inflação do país e pelo temor sobre uma maior influência do governo no Banco Central.
Às 15h44 o Ibovespa recuava 0,10%, a 107.897 pontos. Veja mais cotações.
Por volta do mesmo horário, as ações do Bradesco caíam mais de 7%, após divulgação do balanço na véspera (leia mais abaixo). Já a Petrobras era destaque de alta, subindo ao redor de 2%.
No dia anterior, o Ibovespa recuou 1,77%, a 108.008 pontos. Com o resultado, passou a acumular queda de 0,45% na semana, 4,75% no mês e de 1,54% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Um peso adicional para os negócios no mercado brasileiro vem do Bradesco. Em seu balanço divulgado na quinta-feira, o banco registrou um lucro líquido contábil de R$ 1,437 bilhões no quarto trimestre de 2022 - pior resultado trimestral em mais de 15 anos. Em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 3,170 bilhões), o lucro caiu 54,7%.
O banco informou, ainda, que provisionou 100% da operação que envolve um “cliente Large Corporate específico”, sem citar o nome do Grupo Americanas.
As atenções permanecem voltadas para os rumores de que a equipe econômica avalia uma revisão antecipada das metas de inflação do país. A reunião do Comitê Monetário Nacional (CMN) que vai discutir a meta de inflação para 2026 está prevista para junho – mas poderá ser antecipada e rever as metas já estabelecidas para os anos anteriores.
Os mercados têm se mostrado bastante sensíveis às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central, o que tem ampliado a volatilidade nos últimos dias e reforçado posições mais pessimistas do investidor local.
No início da semana, o presidente fez novas críticas ao patamar de juros do Brasil, que é ajustado pelo BC. Na segunda, disse que o país tem uma "cultura" de juros altos. Na terça, o país não cresce por conta da Selic na casa dos 13,75% ao ano.
Ministros e técnicos do governo disseram ao g1 que as duras críticas do petista ao Banco Central e à autonomia da instituição estão acima do tom e atrapalham o trabalho da equipe econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, veio a público colocar panos quentes e dizer que a ata do Copom trouxe recado mais "amigável".
Por fim, para os parlamentares, não há "ambiente" para mudar as regras de autonomia do BC, algo que Lula havia sugerido na semana passada. A independência do BC foi estabelecida, por meio de lei, em 2021, e estabelece o mandato de quatro anos para o presidente do BC e tem como objetivo blindar o órgão de pressões político-partidárias.
Lula está nos Estados Unidos, onde se encontra com o presidente norte-americano, Joe Biden, nesta sexta.
Os EUA são o terceiro país visitado por Lula desde que tomou posse, em 1º de janeiro — ele já foi a Buenos Aires, na Argentina, e a Montevidéu, no Uruguai. Lula também tem a previsão de viajar nos próximos meses para China e Portugal.
g1
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