Em um panorama de crise de semicondutores por conta da pandemia de Covid-19, que diminuiu a oferta para o consumidor comum e o corporativo, a projeção da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) revisada em junho é de que este ano sejam licenciados 2,14 milhões de veículos no país, um crescimento de 1% em relação a 2021.
Em janeiro, a entidade projetava um mercado interno de 2,3 milhões de unidades, considerando fatores como uma menor redução das vendas no Brasil em comparação aos resultados obtidos nos EUA e nos países europeus.
Em uma declaração noticiada pela CNN Brasil, Márcio de Lima Leite - presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) - informou que a fila para a entrega de modelos com maior volume de vendas pode chegar a seis meses.
Como a crise afeta o mercado mundial?
Na Europa, o número de licenciamentos de veículos caiu 26% desde 2019, antes da crise sanitária. Com isso, o mercado apresentou retração de 13 milhões de unidades ao ano para menos de 10 milhões.
No início de outubro, Oliver Zipse, presidente da Acea (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis), indicou uma queda de 1% no mercado europeu, com 9,6 milhões de unidades entregues aos consumidores.
A expectativa inicial da entidade era de que o desempenho este ano repetisse 2020, com 9,9 milhões de veículos negociados. Em entrevista publicada pelo UOL, Zipse alertou que, “em termos de volume e rentabilidade, as coisas podem piorar com a necessidade da eletrificação da frota nos próximos anos”.
A China é o maior mercado mundial de veículos, sendo seguida pelos Estados Unidos. De janeiro a setembro, cerca de 19,5 milhões de veículos novos foram entregues aos clientes, uma expansão de 4,4% em relação ao último ano.
Já nos Estados Unidos, foram vendidos 10,2 milhões de veículos até o mês de setembro, uma baixa de 12,7% sobre os primeiros nove meses de 2021. Para este ano, a Cox Automotive, consultoria especializada na indústria automotiva, espera a venda de 13,7 milhões de carros. Em 2021, foram vendidos 15 milhões, o que representa 9% acima da projeção para 2022. Em 2019, os estadunidenses compraram 17,1 milhões de unidades.
No Brasil, o mercado tem perspectivas incertas
Questionado a respeito do cenário atual e das perspectivas para o mercado de veículos no Brasil, Jeferson Bandeira, diretor administrativo da Auto Via Veículos - empresa que atua com venda de automóveis - explica que, devido à demanda reprimida de veículos novos, muitos pedidos feitos há muito tempo só estão sendo entregues agora, e muitos não serão entregues. Essa abordagem é referente ao veículo zero km.
“Por outro lado”, prossegue, “na falta de veículo zero, o seminovo passa a ser um atrativo interessante, tanto para quem compra quanto para quem vende. Ou seja, a falta de semicondutores travou a produção e reprimiu a demanda”.
Bandeira destaca que, para além da afeição dos brasileiro por carros, uma parte da população passou a ver os veículos como fonte de renda, devido à alta dos preços, e outros quiseram deixar de lado o transporte público por conta da pandemia.
“O que vejo nesse momento é uma redução de preços e, conforme for normalizando a produção do veículo novo, os seminovos e usados tendem a baixar o preço ainda mais”, afirma. “Apesar disso, não sabemos se a produção do veículo novo voltará aos padrões e quando isso irá acontecer”, complementa o diretor administrativo da Autovia Veículos
No Brasil, o setor automotivo emprega cerca de 420 mil pessoas, distribuídas em mais de 6 mil empresas, de acordo com um levantamento compartilhado pelo G1. Segundo uma sondagem do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e do portal de Educação Financeira Meu Bolso Feliz, 9% dos brasileiros sonham em adquirir um carro novo. A pesquisa entrevistou 620 cidadãos de todas as capitais.
R7
Portal Santo André em Foco
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