O dólar opera com instabilidade nesta quarta-feira (28), em mais um dia de volatilidade no mercado de câmbio em meio a atuações do Banco Central, um dia depois de a autoridade monetária intervir no mercado com venda de dólares das reservas do país pela primeira vez desde 2009.
As disputas comerciais entre Estados Unidos e China e temores sobre seu impacto sobre a economia global ainda se mantinham de pano de fundo, em dia de maior aversão ao risco no exterior, destaca a Reuters.
Às 15h02, a moeda norte-americana recuava 0,06%, vendida a R$ 4,1555. Na mínima, chegou a R$ 4,1310, e máxima a R$ 4,1674.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta quarta as conquistas do real e a necessidade de estabilidade monetária para as taxas de juros convergirem para níveis mais adequados, se esquivando de quaisquer comentários sobre dólar e atuações no câmbio. "Hoje eu posso falar de beija-flor", afirmou ele quando questionado pela imprensa, em alusão à moeda comemorativa de R$ 1, com beija-flor no verso, que está sendo lançada em exposição sobre os 25 anos do Real.
Atuação do Banco Central
Na véspera, a moeda norte-americana encerrou o dia em alta de 0,5%, vendida a R$ 4,1575, renovando máximas desde setembro do ano passado.
Na máxima do pregão do dia anterior, chegou a ser vendida a R$ 4,1923, após o presidente do Banco Central dizer que a recente desvalorização da taxa de câmbio está dentro do padrão normal. A fala foi entendida por analistas como um sinal de que o BC poderia não atuar de forma adicional para conter a depreciação do real. No entanto, a alta perdeu força após atuação do Banco Central para conter a valorização, com um leilão adicional de dólares à vista, com taxa de corte de R$ 4,1250.
O Banco Central não informou o valor de dólares vendidos no leilão extra do dia anterior. A última operação do tipo tinha sido feita em fevereiro de 2009. Na prática, o BC usou as reservas internacionais do país para conter a variação do câmbio.
O BC vendeu 25 milhões dos 550 milhões de dólares em moeda física nesta quarta-feira e negociou ainda 500 contratos de swap cambial reverso dos 11 mil ofertados -- nos quais assume posição comprada em dólar.
Adicionalmente, a autarquia disponibilizará até US$ 1,5 bilhão em linhas de dólares com compromisso de recompra, em operação que visa rolar parte dos US$ 3,8 bilhões com vencimento em 4 de setembro nessa modalidade.
Motivos da alta
Para o economista Jason Vieira, essa montanha russa do dólar tem mais fatores internacionais do que nacionais: guerra comercial entre Estados Unidos e China; temor de uma possível desaceleração da economia americana; e a crise na Argentina fazem os investidores tirarem seu dinheiro de países emergentes como o Brasil em busca de investimentos que consideram mais seguros.
“O cenário ideal é a guerra comercial acabar. A conclusão da eleição argentina, seja para que lado for. E aqui no Brasil a gente consiga avançar as reformas. Esse, literalmente, é o melhor cenário que tem”, disse Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
Alessando Faganello, operador de câmbio da Advanced Corretora, destaca o fator de "imprevisibilidade" de atuação do BC com relação ao leilão à vista puro, que acabou por retirar os comprados da zona de conforto. "O cenário externo está recheado de incertezas e isso tudo resulta em fuga de capital estrangeiro. A volatilidade vai continuar sendo grande justamente porque temos uma série de fatores influenciando pra isso", disse à Reuters.
G1
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