O dólar opera em alta nesta segunda-feira (19), se mantendo acima de R$ 4, tendo um pano de fundo ainda marcado por temores sobre uma desaceleração da economia global e na esteira do fortalecimento da divisa no exterior diante de discussões sobre o espaço para mais cortes de juros nos Estados Unidos.
Às 15h33, a moeda norte-americana subia 1,44%, a R$ 4,0602. Na máxima, chegou a R$ 4,0743.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2019 subiu de R$ 3,75 para R$ 3,78 por dólar, segundo pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda.
O Banco Central vendeu todos os 11 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados nesta segunda-feira em leilão de rolagem do vencimento outubro. A partir da próxima quarta até dia 29 de agosto, o BC fará ofertas simultâneas de US$ 550 milhões à vista e de igual montante em contratos de swap cambial reverso.
Na sexta-feira, o dólar caiu 1,21%, a R$ 3,9896. Na semana passada, no entanto, a moeda acumulou alta de 1,59% e, no ano, de 3,31%.
Cenário externo
"Estamos passando por um momento de ajuste técnico. O mercado está um pouco sem rumo, e isso tende a resultar em volatilidade diante dos sinais mistos vindo do exterior", afirmou à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital.
Mais cedo, o dólar chegou a cair a uma mínima de R$ 3,9911, com os mercados avaliando notícia de que o banco central da China apresentou uma importante reforma dos juros no sábado para ajudar a reduzir os custos de empréstimo para empresas e sustentar a economia, que vem sendo afetada pela guerra comercial com os EUA.
Mas a melhora inicial sucumbiu diante de persistentes temores de uma desaceleração da economia global e preocupações sobre os impactos da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, afirmou Bergallo.
Os debates sobre estímulos por parte de outras economias, como China e Alemanha, combinados com algumas dúvidas sobre a disposição do Federal Reserve em ser mais agressivo em eventual novo afrouxamento monetário davam fôlego ao dólar, num momento em que dados nos EUA voltaram a destacar a força da economia norte-americana frente ao restante do mundo.
"(Recentes) Dados robustos de consumo e inflação nos EUA enfraqueceram a possibilidade de que o Fed vai cortar os juros preventivamente, mantendo o tema sobre inversão das curvas de juros, saídas de recursos de emergentes e mercados de ações mais fracos", disseram estrategistas do Morgan Stanley em nota a clientes.
O tom de dúvida sobre um Fed mais disposto a cortar os juros era reforçado nesta tarde por comentários do presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren. Mesmo não sendo membro votante do Fomc, as declarações de Rosengren aumentavam a ala dos que questionam a necessidade de concessão generosa de estímulos monetários pelo BC dos EUA.
Segundo Rosengren, não é porque outros países estão afrouxando suas políticas monetárias que os EUA também deveriam fazê-lo. Além disso, para ele, as condições monetárias já estão acomodatícias e a economia está em muito bom estado no momento.
O movimento da moeda brasileira seguia o viés observado em outras divisas emergentes, como a lira turca e o rand sul-africano, que também perderam fôlego na sequência do início do pregão nos mercados de ações dos EUA.
"O fluxo está sendo pautado inteiramente pelo exterior. A cena doméstica está relativamente positiva, mas não há liquidez para que isso se transforme em fluxo para cá", acrescentou Bergallo.
G1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.