Novembro 24, 2024

Vendas do comércio crescem 0,1% em junho, 1ª alta desde março

As vendas do comércio varejista cresceram 0,1% em junho, na comparação com o mês anterior - 1ª alta desde março –, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já em relação a junho de 2018, houve queda de 0,3% nas vendas.

O resultado de maio foi revisado pelo IBGE para estável, ante queda de 0,1% na leitura inicial.

Apesar da leve recuperação em junho, o setor fechou o trimestre no vermelho e continua mostrando perda de ritmo na análise do desempenho acumulado em 12 meses, evidenciando a fraqueza da economia e as dificuldades de uma retomada mais firme.

"No acumulado nos últimos doze meses ao passar de 1,3% em maio para 1,1% em junho, sinaliza perda de ritmo das vendas e permaneceu em trajetória descendente iniciada em fevereiro de 2019 (2,4%"), destacou o IBGE.
No 2º trimestre, as vendas do comércio registraram queda de 0,3%, na comparação com o primeiro trimestre. Já na comparação com igual trimestre do ano passado, houve uma alta de 0,9%.

No semestre, o volume do comércio varejista cresceu 0,6%, frente a igual período do ano anterior.

A gerente da pesquisa, Isabella Nunes, destacou que o baixo ritmo da atividade econômica no país faz com que o comércio venha perdendo dinamismo. “Este foi o quarto semestre seguido no campo positivo, mas o menos intenso deles”, apontou. No 1º e 2º semestres de 2018, houve avanço de o avanço de 2,9% e de 1,7%, respectivamente.

Vendas recuam em 15 das 27 estados
De maio para junho de 2019, as vendas do comércio varejista caíram em 15 das 27 Unidades da Federação, sendo a mais intensa no Piauí (-10%). Já as maiores altas foram registradas em Roraima (3,4%), Minas Gerais (1,7%) e Goiás (1,6%).

Segundo a gerente da pesquisa, Isabella Nunes, o resultado do varejo reflete a conjuntura de baixo dinamismo econômico, o grande nível de pessoas desempregadas, e o elevado endividamento das famílias – o maior desde abril de 2016, segundo dados do Banco Central.

“As famílias estão fugindo das prestações na aquisição de bens duráveis como móveis e eletrodomésticos, e estão direcionando o consumo para alimentos. Então, a queda em hipermercados não significa que as famílias estejam deixando de comprar, mas estão optando por marcas mais baratas. Na farmácia, não dá para fazer isso”, explica Isabella.

Das 8 atividades principais, só 3 registraram alta
Segundo o IBGE, a leve alta em junho foi sustentada pela estabilidade nas vendas das duas atividades de maior peso do indicador: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,0%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%) – que engloba lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos.

Por outro lado, 4 atividades registraram queda em junho no volume de vendas: combustíveis e lubrificantes (-1,4%), móveis e eletrodomésticos (-1,0%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,4%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,8%).

Já o indicador do comércio varejista ampliado, que inclui as as vendas de veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, ficou estável em relação a maio, após avançar por 3 meses seguidos. Na comparação com junho do ano passado, teve alta de 1,7%. No acumulado em 12 meses também perdeu ritmo, passando de 3,9% em maio para 3,7% em junho.

Veja o desempenho de cada segmento em junho:

  • Combustíveis e lubrificantes: -1,4%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0
  • Tecidos, vestuário e calçados: 1,5%
  • Móveis e eletrodomésticos: -1%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,3%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -0,8%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: -2,4%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 0,1%
  • Veículos, motos, partes e peças: 3,6% (varejo ampliado)
  • Material de construção: -1,2% (varejo ampliado)

“Combustível está perdendo muito volume de vendas por causa de preço. A de livros por ser uma atividade que está alterando sua forma de venda. Já a de supermercado é uma atividade que se tem um grande poder de substituição de produtos, ou seja, o consumidor troca um produto por outro mais barato, o que acaba impactando na receita do comércio”, explicou a pesquisadora.

Vendas de livros, jornais, revistas e papelaria desabam 27% no ano
As vendas têm tido comportamentos diferentes entre as atividades do varejo. Enquanto hipermercados apresentam perda de ritmo, com queda de 0,3% no primeiro semestre, outros artigos mostram crescimento de 4,4% nesse período. Eletrodomésticos recuaram 2,7% nos 6 primeiros meses do ano, ao passo que as vendas de móveis cresceram 3,3%.

No acumulado no ano, a queda mais intensa é nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria teve forte recuo (-27%). Em 12 meses, a perda é de 24,6%, acentuando a trajetória descendente iniciada em março de 2018 (-5,1%). Segundo o IBGE, as novas formas de comercialização pela internet e o fechamento de lojas físicas contribuem para essa retração.

“Combustível está perdendo muito volume de vendas por causa de preço. A de livros por ser uma atividade que está alterando sua forma de venda. Já a de supermercado é uma atividade que se tem um grande poder de substituição de produtos, ou seja, o consumidor troca um produto por outro mais barato, o que acaba impactando na receita do comércio”, explicou a pesquisadora.

Economia fraca e perspectivas
Os indicadores já divulgados continuaram a mostrar uma fraqueza da economia em junho e no 2º trimestre, após uma queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre.

A indústria brasileira, por exemplo, registrou queda de 0,6% em junho e fechou o primeiro semestre com um recuo de 1,6% em sua produção. No período entre abril e junho, a indústria recuou 0,7%, na comparação com o primeiro trimestre – o terceiro trimestre seguido de contração.

A projeção do mercado financeiro para estimativa de alta do PIB deste ano permanece em 0,82%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para 2020, a previsão de crescimento é de 2,1%.

Reuters
Portal Santo André em Foco

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