O crédito bancário interrompeu sua alta no início de 2021, permanecendo estável, ao mesmo tempo em que foi registrado crescimento na taxa média de juros dos bancos no mês de janeiro. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (25) pelo Banco Central.
O volume total do crédito ofertado pelas instituições financeiras teve uma queda marginal de 0,04% no mês passado, ou seja, registrou estabilidade, permanecendo em R$ 4,02 trilhões - mesmo patamar de dezembro do ano passado.
Esse movimento, porém, é tradicional em janeiro. Nos últimos cinco anos, de 2016 a 2020, houve queda no volume de crédito bancário nesse mês. O recuo tem acontecido após crescimento nos meses de dezembro - nas festas de fim de ano.
As concessões totais de crédito somaram R$ 289 bilhões em janeiro, o que representa uma forte queda de 27,7% na comparação com o mês anterior. Esse volume de concessões foi o menor desde maio de 2020 (R$ 285 bilhões).
Em janeiro, os números oficiais mostram que volume de crédito ofertado pelos bancos para as pessoas físicas cresceu 0,6%, atingindo R$ 2,3 trilhões, enquanto a de pessoas jurídicas registrou redução de 0,8% no período, para R$ 1,8 trilhão.
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito registrou estabilidade em janeiro, permanecendo em 2,1%. Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência subiu de 2,8% para 2,9% no mês passado e, no caso das empresas, continuou em 1,2%.
2020 e previsão para este ano
No ano passado, o crédito bancário avançou cresceu 15,5%, ou R$ 539,369 bilhões, atingindo a marca inédita de R$ 4,017 trilhões. Em volume liberado, foi a maior alta desde o início da série histórica do BC, em 1991.
O aumento no crédito bancário no ano passado esteve relacionado às medidas adotadas pelo BC para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia do novo coronavírus. Apesar da expansão, ainda existe dificuldade de acesso pelos pequenos negócios.
Para este ano, porém, o BC prevê desaceleração no crédito bancário. A expectativa da instituição é de que o aumento seja de menor, de 7,8% em 2021.
"As projeções de crescimento do estoque total de crédito para 2021 consideram cenário de normalização das condições de oferta e demanda de crédito, com a retomada do financiamento das grandes empresas no mercado de capitais doméstico e consequentemente arrefecimento na expansão do crédito bancário", informou o BC, em dezembro do ano passado.
Segundo a instituição, as empresas de menor porte continuarão demandando crédito no sistema financeiro, que será atendido, ainda de acordo com o BC, principalmente com recursos livres, dado o término dos programas emergenciais.
Juros bancários
Os juros bancários médios com recursos livres (sem contar habitacional, rural e BNDES) de pessoas físicas e empresas, por sua vez, subiram de 25,5% ao ano, em dezembro, para 28,4% ao ano no mês passado - uma alta de 2,9 pontos percentuais. No crédito livre, a instituição financeira tem mais liberdade para fixar a taxa de juro.
A alta dos juros bancários médios e alta das operações com pessoas físicas acontece em um momento de estabilidade da taxa básica de juros da economia, no seu piso histórico de 2% ao ano.
Em janeiro, considerando só as operações para pessoas físicas, a o juro médio passou de 37,2% para 39,4% ao ano na comparação com dezembro. Considerando só as empresas, a taxa média avançou de 11,7% para 15,2% ao ano.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Essa é uma das linhas de crédito mais caras do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
De acordo com o BC, o chamado "spread" bancário médio com recursos livres passou de 20,9 pontos percentuais, em dezembro, para 23,4 pontos percentuais em janeiro. O spread é a diferença entre quanto os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes.
Nas operações com pessoas físicas, houve queda de 32,1 pontos em dezembro para 34 pontos em novembro deste ano. Com isso, o "spread" bancário ainda segue em patamar elevado para padrões internacionais.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
G1
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