O principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em queda nesta sexta-feira (19), com agentes repercutindo a pressão do presidente Jair Bolsonaro sobre a Petrobras, que anunciou novo reajuste de preços dos combustíveis.
Às 16h20, o Ibovespa tinha queda de 0,76%, a 118.288 pontos. Veja mais cotações.
Perto do mesmo horário, as ações preferenciais da Petrobras recuavam 6,94%, enquanto as ordinárias caíam 8,09%.
Na quinta-feira, a bolsa fechou em baixa de 0,96%, a 119.199 pontos. Na parcial do mês, o Ibovespa acumula avanço de 3,59%. No ano, tem alta de 0,15%.
Cenário
No Brasil, o mercado avalia a pressão do presidente Jair Bolsonaro sobre a Petrobras, que anunciou, na véspera, mais uma alta nos preços dos combustíveis. Também na quinta, Bolsonaro anunciou que irá zerar, a partir de 1º de março, impostos federais sobre o gás de cozinha e o diesel. Não foi informado, porém, o impacto estimado das medidas sobre a arrecadação do governo e os mecanismos de compensação.
Bolsonaro disse também que alguma coisa "vai acontecer" na Petrobras nos próximos dias, mas não deu detalhes.
Os comentários agravaram preocupações no mercado em relação à companhia. De acordo com o gestor de ações de um grande fundo, os comentários de Bolsonaro agravam as incertezas no mercado, inclusive de demissão do atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
"Bolsonaro mostra que realmente não entende como as coisas funcionam. Ainda precisamos entender o que significa 'mudanças na Petrobras'. Mas se ele demitir o Castello Branco, será extremamente negativo", disse o profissional ao Valor logo após a Live de Bolsonaro. "Esse tipo de declaração só causa tumulto"
Outro profissional de mercado afirmou, também logo após a Live, que as falas acabam sendo até contraditórias e não deixam nenhum sinal claro sobre o que esperar. "Reduzir o imposto é bom para Petrobras e o Bolsonaro reafirmou não interferir, mas fez uma ameaça que não dá para saber. Pode ser que seja só algo para 'jogar para a torcida'"
"Apesar de não ser possível avaliar impactos sobre a Petrobras das declarações do presidente da República, acreditamos que o mercado deverá reagir de maneira negativa tendo em vista a maior percepção de riscos para a autonomia da estatal e de sua política de preços de combustíveis", dizem os analistas da XP Investimentos em nota. Para eles, isso reforça a visão da casa de maior cautela com a Petrobras.
Já os analistas do Credit Suisse dizem que, apesar de uma visão construtiva da empresa, a possibilidade de mudanças na Petrobras é negativa. Embora o presidente tenha reiterado a independência da Petrobras na precificação dos combustíveis, ele expressou críticas sobre o aumento de preços feito ontem. Portanto, os profissionais acreditam que o mercado possa precificar um risco maior de interferência.
"A ambiguidade das falas do presidente levanta dúvidas sobre a possibilidade de maior ingerência política dentro da companhia, inclusive com o surgimento de rumores de uma possível demissão do atual CEO. Esse nível de incerteza atrapalha demasiadamente uma precificação justa das ações da Petrobras", dizem os analistas da consultoria Levante.
Para eles, os impactos de uma possível intervenção na Petrobras podem ir além de simplesmente gerar prejuízos financeiros. "Pode afugentar o capital estrangeiro para investimentos, o que já vem ocorrendo no país de alguma forma", alertam. Eles afirmam que a fuga pode se espalhar não somente nos ativos em processo de venda pela companhia (refinarias principalmente), mas também em ativos nos setores de infraestrutura, energia elétrica e em todos os setores que há alguma regulamentação estatal mais firme, com consequências sobretudo no médio e longo prazo.
Os investidores também continuaram de olho nas discussões em torno de mais gastos com auxílio emergencial para a população vulnerável, em meio às preocupações com a saúde das contas públicas e rompimento do teto de gastos - considerado a âncora fiscal do país neste momento.
No radar do mercado também está a trajetória da taxa básica dos juros, com parte dos analistas apostando em uma alta já na próxima reunião do Banco Central que nos dias 16 e 17 de março.
G1
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