O endividamento das famílias bateu recorde no ano passado em meio à pandemia de Covid-19, mostram números do Banco Central e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Em novembro do ano passado, segundo o BC, o endividamento das famílias com os bancos atingiu 51% da renda acumulada nos doze meses anteriores — novo recorde da série histórica, que tem início em janeiro de 2005. Todas as dívidas com os bancos entram no cálculo, incluindo crédito para a compra da casa própria.
Ainda segundo números do BC, o comprometimento da renda das famílias com os empréstimos bancários ficou em 20,87% em novembro do ano passado, último dado disponível. Esse percentual, porém, não é recorde da série histórica.
Estudo da Confederação do Comércio
Outro estudo, realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) com base nos resultados mensais da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também mostrou alta no endividamento das famílias no ano passado.
Divulgada no fim de janeiro, a análise mostra que a média de famílias endividadas em 2020 cresceu 2,8 pontos percentuais, em comparação com o ano anterior, chegando a 66,5%, que é a maior porcentagem média anual da série histórica, iniciada em 2010.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avaliou que os impactos negativos do surto de covid-19 ao longo do ano impuseram a adoção de medidas de recomposição da renda, como o benefício emergencial, e de estímulo ao crédito, como forma de manter algum nível de consumo pelos brasileiros.
"Em conjunto com a redução dos juros ao menor patamar da história e com a inflação ao consumidor controlada em níveis baixos, estas ações forneceram às famílias condições de ampliar a contratação de dívidas e renegociar as já existentes", acrescentou.
Inadimplência
Apesar da alta no endividamento das famílias em 2020, números do Banco Central e da CNC ainda não confirmam um quadro claro de aumento da inadimplência.
De acordo com o Banco Central, a inadimplência das pessoas físicas com os bancos (atrasos superiores a 90 dias) terminaram o ano passado em 2,8%, abaixo dos 3,5% registrados no fim de 2019.
No relatório de estabilidade bancária, divulgado em outubro do ano passado, o BC informou que as instituições financeiras vinham controlando a inadimplência por meio de "massivas campanhas de prorrogação e renegociação de dívidas", facilitadas durante a pandemia, e, também, pela maior seletividade nas novas operações.
O estudo da CNC, porém, mostra que a proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso cresceu 1,5 ponto percentual na média de 2020, alcançando 25,5%. Izis Ferreira, economista da entidade, observou que o indicador subiu até agosto, mas recuou nos meses seguintes por conta de medidas, relativas à pandemia, que ajudaram os consumidores.
Contenção de gastos
Nesse momento de alta do endividamento e possível impacto na inadimplência, o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, avaliou que, para melhorar as suas contas, as famílias, em primeiro lugar, devem encarar a realidade, mas sem entrar em desespero.
"É preciso mudar o comportamento em relação ao uso do dinheiro para construir uma vida mais sustentável financeiramente, tratar o problema na raiz, evitando assim entrar num ciclo de endividamento", avaliou. Ele recomendou algumas ações para sair do endividamento:
G1
Portal Santo André em Foco
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