A Petrobras decidiu interromper "preventivamente" o fornecimento de um lote de gasolina de aviação importada após testes realizados em seu centro de pesquisas, o que impactou também a BR Distribuidora e fez a empresa suspender temporariamente a comercialização do produto.
Em comunicado no sábado (11), a Petrobras disse ter identificado um lote do produto com "teor de compostos aromáticos diferente dos lotes até então importados", embora dentro dos requisitos de qualidade exigidos pela reguladora ANP.
Na semana passada, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP) informaram que investigam uma suspeita de adulteração de gasolina de aviação distribuída no Brasil. O combustível pode ter causado danos e corrosões em tanques de combustível e em peças de pequenas aeronaves, além de vazamentos.
A Petrobras informou que estuda a hipótese da variação da composição química "ter impactado os materiais de vedação e revestimento de tanques de combustíveis de aeronaves de pequeno porte", mas ressalvou que ainda não há diagnóstico completo que permita assegurar essa relação de causa e efeito, segundo a Reuters.
Nesta segunda-feira, a BR Distribuidora disse que suspendeu a comercialização de gasolina de aviação porque tem a Petrobras como única fornecedora.
"Em que pese o produto estar dentro das especificações da ANP e certificado pelo fornecedor, a BR está suspendendo preventivamente a comercialização de AVGAS e recomendando que os revendedores de produtos de aviação e demais clientes também suspendam, temporariamente, a comercialização do produto, até que mais informações estejam disponíveis e haja orientações específicas pelos órgãos reguladores."
Denúncias
Os relatos sobre o possível combustível adulterado foram feitos no início da semana passada por pilotos de diversos estados, como Rio Grande do Sul, São Paulo e Goiás. Atualmente, cerca de 12 mil aviões usam esse combustível para voos de táxi-aéreo, particulares ou de instrução. Por causa do combustível adulterado, muitos pilotos estão se negando a levantar voo.
A GloboNews apurou que fiscais da ANP estiveram no aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, na quinta-feira (9) e coletaram amostrar para testes em laboratório.
"Muitas aeronaves não estão apresentando esse problema. Não significa que elas estejam imunes", afirmou o presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, Humberto Branco. "O que nós estamos orientando é que existe um indício grave de um problema. Se, de fato, esse problema existir, pode afetar a segurança de voo."
Atualmente, 100% da gasolina de aviação distribuída no país é importada a partir do Golfo do México, de grandes empresas dos Estados Unidos. A produção era nacional e feita pela Petrobras, mas foi interrompida em 2018 por causa de obras na planta da empresa em Cubatão, no litoral paulista. As obras, no entanto, estão atrasadas por causa da pandemia do coronavírus. Segundo a estatal, a previsão é de que a produção nacional seja retomada em outubro.
A ANP e a Anac não fizeram uma interdição do combustível. As causas da suposta adulteração, a origem da gasolina e qual substância pode ter contaminado ainda não foram identificadas.
G1
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