A bolsa de valores brasileira, a B3, enfrenta mais um dia de forte turbulência nesta quinta-feira (12), e paralisou as negociações pela segunda na mesma sessão, o que não acontecia desde a crise de 2008. acompanhando os mercados financeiros globais em razão dos últimos desdobramentos ligados à pandemia do novo coronavírus.
Às 14h55, o Ibovespa tinha queda de 14,50%, a 72.818, após a segunda paralisação dos negócios do dia. Caso a queda chegue a 20%, a bolsa pode decidir por nova suspensão dos negócios (a duração será decidida pela própria Bovespa).
Às 11h12, o Ibovespa recuou 15,43%, a 72.026 pontos, quando foi acionado o 2º "circuit breaker" do dia - sistema que interrompe os negócios automaticamente quando a queda supera 15%. A paralisação foi de 1 hora. Às 10h22, quando o Ibovespa caía 11,65%, os negócios foram paralisados por meia hora.
A intensidade da queda da bolsa brasileira diminuiu após o Federal Reserve (Fed, banco central) de Nova York anunciar que ofertará mais US$ 1,5 trilhão por meio de operações de recompra de títulos para dar liquidez e alívio os mercados.
No ano, o principal índice da bolsa brasileira passa a acumular queda de quase 40%.
É a 4ª vez na história da B3 que os negócios são paralisados pela 2ª vez na mesma sessão. A última paralisação de 1 hora por queda de mais de 15% tinha ocorrido em 6 de outubro de 2008. Foi também a 4ª suspensão das negociações numa mesma semana – e a primeira vez que isso aconteceu.
Entre as principais baixas desta quinta, Petrobras tinha queda de mais de 23%. Azul PN derretia 27% Gol PN perdia 33%.
Pelas regras da B3, caso o Ibovespa atinja uma queda de 20%, a Bolsa poderá determinar a suspensão dos negócios em todos os mercados por prazo definido a seu critérios.
O dólar, por sua vez, chegou a passar de R$ 5 nesta quinta, mas a disparada perdeu força após uma atuação mais forte do Banco Central com leilões de dólares em moeda à vista.
Impactos do coronavírus
"Os mercados globais continuam operando de forma irracional, muitas vezes com pânico e com extrema volatilidade a cada dia e a cada noticiário", destacou a equipe do BTG Pactual, em nota da área de gestão do banco. "No momento não há como termos parâmetros de fundamentos."
O catalisador para o tombo desta quinta é a decisão do presidente norte-americano Donald Trump, anunciada na noite de quarta, de proibir viagens da Europa para os Estados Unidos por 30 dias.
A medida de Trump assusta os mercados, que seguem de olho nos impactos do coronavírus na atividade econômica mundial. Também na terça, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o surto como uma pandemia – logo depois, a bolsa brasileira caiu mais de 10%, e teve seus negócios paralisados. O Ibovespa encerrou a terça em baixa de 7,64%, 85.171 pontos.
Trump anunciou outras medidas para sustentar as empresas norte-americanas e promover o crescimento, mas os investidores não se mostraram convencidos de que a economia global pode se recuperar rapidamente conforme crescem as preocupações de que o número de infecções pode aumentar rapidamente em todo o mundo.
Cenário doméstico
Pesa também no mercado de câmbio nesta quinta a derrota sofrida pelo governo no final da tarde de quarta-feira, após o Congresso Nacional derrubar o veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), com impacto estimado em cerca de R$ 20 bilhões já no primeiro ano.
Em razão do impacto orçamentário da medida, o mercado enfrenta agora outro vetor de risco, do lado fiscal brasileiro, o que aumenta as incertezas sobre as relações entre Executivo e Legislativo, e sobre o ritmo de recuperação da economia brasileira.
G1
Portal Santo André em Foco
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