O dólar opera em alta nesta segunda-feira (2), após renovar recorde de fechamento na sexta-feira e acumular uma sequência de 8 altas seguidas. A intensidade de alta no dia, porém, foi reduzia diante da perspectiva de possíveis medidas de estímulos de bancos centrais, incluindo a possibilidade de um corte da taxa de juros nos Estados Unidos, melhorando o sentimento dos investidores apreensivos em relação ao coronavírus.
Às 15h21, a moeda norte-americana subia 0,10%, vendida a R$ 4,4856. Na máxima até o momento chegou a R$ 4,5067.
O dólar turismo era negociado ao redor de R$ 4,68, sem considerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A Bovespa opera em alta nesta segunda-feira, após perder mais de 8% na última semana.
Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 0,10%, R$ 4,4809, novo patamar recorde de fechamento nominal (sem considerar a inflação). Na máxima da sessão chegou a R$ 4,5141 - maior cotação nominal já registrada no país. Na semana, a moeda acumulou alta de 2,01%. No mês, subiu 4,57%. No ano, o avanço chegou a 11,75%.
Tensão global
O avanço da epidemia do novo coronavírus pelo mundo tem provocado abalos nos mercados globais e elevado as preocupações de investidores e governos sobre o impacto da propagação do vírus nas cadeias globais de suprimentos, nos lucros das empresas e na desaceleração do crescimento da economia global.
Nesta segunda-feira, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão de crescimento da economia mundial para 2020, passando a projetar um crescimento de 2,4%, menor expansão desde 2009 e ante expectativa anterior de 2,9%, citando o coronavírus e as contrações na produção chinesa.
Por conta de fluxos elevados de capitais para mercados de menor risco, o dólar se valorizou nos últimos dias frente a outras moedas, em especial moedas de países emergentes como o real.
Dados preliminares do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) mostraram que as saídas de fundos de ações em mercados emergentes somaram US$ 9,7 bilhões em fevereiro, com retiradas mais pronunciadas na Ásia e na América Latina.
O chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, disse no final da sexta-feira que o banco central dos Estados Unidos "agirá conforme apropriado" para apoiar a economia, enquanto o presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda, disse que tomará as medidas necessárias para estabilizar os mercados, reforçando as especulações sobre ações coordenadas de políticas monetárias globais.
Essa expectativa pressionava o dólar no exterior nesta segunda, devido ao maior apetite por risco, e o real acompanhava esse movimento, destaca a Reuters.
O Banco Central vendeu nesta segunda-feira todos os 13 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados com vencimento em agosto, outubro e dezembro de 2020, para rolagem de contratos já existentes.
Impactos no PIB do Brasil
Além das preocupações sobre o impacto do coronavírus, o dólar mais valorizado nas últimas semanas tem refletido os juros em mínimas históricas no Brasil e as projeções sobre o ritmo de crescimento da economia brasileira e andamento das reformas.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta sexta-feira à GloboNews que o coronavírus deverá levar à revisão na estimativa de Produto Interno Brasileiro (PIB).
A secretaria comandada por Sachsida é responsável por fixar as projeções oficiais do governo para a economia e chegou a anunciar em janeiro deste ano um aumento na previsão de crescimento, alterando a expectativa de 2,32% para 2,40%. Segundo o secretário, a nova revisão do número deve ser anunciada até o fim desta semana.
O mercado brasileiro reduziu para 2,17% a previsão a alta do PIB em 2020, segundo pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira, mas diversos bancos e consultorias já estimam um crescimento abaixo de 2%.
Já a projeção do mercado para a taxa de câmbio no fim de 2020 subiu de R$ 4,15 para R$ 4,20 por dólar. Para o fechamento de 2021, permaneceu em R$ 4,15 por dólar.
A redução sucessiva da Selic desde julho de 2019 também contribui para uma maior desvalorização do real ante o dólar. Isso porque diminuiu ainda mais o diferencial de juros entre Brasil e outros pares emergentes, o que pode tornar o investimento no país menos atrativo para estrangeiros e gerar um fluxo de saída de dólar. E cresce no mercado as apostas sobre a chance de um possível novo corte na Selic, atualmente em 4,25% ao ano.
G1
Portal Santo André em Foco
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