Novembro 25, 2024

Após bater R$ 4,40 pela 1ª vez na história, dólar passa a operar em queda

O dólar bateu pela primeira vez na história nesta sexta-feira (21) o patamar de R$ 4,40, mas mudou de rumo e passou a ser negociado em queda.

Às 16h05, a moeda norte-americana era negociada a R$ 4,3896 na venda, em queda de 0,05%. Na abertura, chegou a R$ 4,4061 – nova máxima nominal intradia já registrada no país. Na mínima da sessão até o momento chegou a R$ 4,3725.

Já o dólar turismo era negociado a R$ 4,5767. Nas casas de câmbio, considerando a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), chegou a ser oferecido pela manhã acima de R$ 4,60 para compra em papel moeda e a R$ 4,84 no cartão pré-pago.

Entre os fatores que influenciaram a mudança de rota, operadores citavam o maior movimento de venda de dólares para realização de lucros com a recente alta da moeda e a queda do dólar lá fora frente a outras moedas após a divulgação de dados ruins nos Estados Unidos sobre a atividade nos setores de manufatura e serviços e com as empresas cada vez mais preocupadas com os impactos do coronavírus. O Índice IHS Markit caiu para 49,4 em fevereiro, o menor desde outubro de 2013, segundo a agência Reuters.

Na quinta-feira, o dólar encerrou o dia vendido a R$ 4,3917, em alta de 0,61%, marcando novo recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,3982 – maior cotação nominal intradia até então, segundo dados do ValorPro.

A marca de R$ 4,40 é o maior valor nominal já registrado. Considerando a inflação, no entanto, a maior cotação do dólar desde lançamento do Plano Real foi a atingida no final de 2002. Segundo a Economatica, com a correção pelo IPCA, a máxima histórica é a do dia 22 de outubro de 2002, quando a moeda dos EUA fechou a R$ 3,9552, o equivalente atualmente a R$ 11,016.

O dólar acumulou até a véspera alta de 2,49% no mês. No ano, o avanço chega a 9,52%.

Cena externa
No exterior, a cautela continuava pautando os mercado, com investidores de olho no impacto econômico do surto de coronavírus da China, segunda maior economia do mundo e agente de peso no comércio internacional.

Nesta sexta-feira, a comissão de saúde da província chinesa de Hubei revisou para cima o número de casos confirmados para dar conta de um relatório do departamento penitenciário. Além disso, a Coreia do Sul registrou mais casos da doença.

O surto já matou mais de 2 mil pessoas até o momento e interrompeu a atividade industrial da China, causando perturbações para vários fabricantes no mundo..

Cena doméstica
O fim de semana prolongado no Brasil em razão do Carnaval, com os bancos e B3 reabrindo apenas na quarta-feira, enquanto as praças financeiras funcionam no exterior, corrobora o tom mais cauteloso.

Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, repetiu em evento que o novo normal é um câmbio mais desvalorizado, em declaração feita na presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que dois dias atrás disse que o BC está "tranquilo" com o câmbio uma vez que não tem havido impactos sobre a inflação.

Na semana passada, a disparada do dólar levou o BC a realizar leilão extraordinário de swaps, atitude que ajudou o real a se recuperar momentaneamente na quinta e sexta. Desde então, porém, o BC não voltou a intervir sem aviso prévio e tem se limitado a realizar operações diárias de rolagem de swap cambial, destaca a agência Reuters.

O que explica as altas recentes
Além das preocupações sobre o impacto do coronavírus na economia global, o dólar mais valorizado nas últimas semanas tem refletido os juros em mínimas históricas no Brasil e as perspectivas sobre o ritmo de crescimento da economia brasileira e andamento das reformas.

Diversas instituições financeiras têm revisado para baixo suas perspectivas para o crescimento econômico em 2020 na esteira da disseminação do novo coronavírus e da percepção de uma lentidão um pouco maior que o esperado no ritmo de crescimento neste início de ano.

O mercado brasileiro reduziu para 2,23% a previsão a alta do PIB em 2020, segundo pesquisa Focus divulgada na segunda-feira, mas diversos bancos e consultorias já estimam um crescimento de, no máximo, 2%.

A redução sucessiva da Selic desde julho de 2019 também contribui para uma maior desvalorização do real ante o dólar. Isso porque diminuiu ainda mais o diferencial de juros entre Brasil e outros pares emergentes, o que pode tornar o investimento no país menos atrativo para estrangeiros e gerar um fluxo de saída de dólar.

G1
Portal Santo André em Foco

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