O ex-presidente Michel Temer vai se apresentar nesta quinta-feira à Justiça. Ontem, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região determinou a volta à prisão preventiva para Temer e o coronel João Baptista Lima, acusado de ser operador financeiro do emedebista. Por 2 votos a 1, a Primeira Turma do tribunal decidiu pela revogação do habeas corpus que garantiu a saída deles da prisão no Rio de Janeiro, no fim de março.
— Já falei com o advogado. Ele apresentará um habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça. Vou defender os meus direitos até o fim - afirmou. — Vou me apresentar regularmente, não tenho nenhum problema com isso. Na primeira vez, fui muito adequadamente tratado pela Polícia Federal. Lamentavelmente foi (uma surpresa) — afirmou.
O local da prisão será decidida pela juíza federal Caroline Figueiredo, que está substituindo o juiz Marcelo Bretas nas férias.
Em 21 de março, Temer, coronel Lima e mais seis pessoas foram presas pela Polícia Federal na Operação Descontaminação, que apurou o desvio de dinheiro público nas obras da Usina Angra 3. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente e seu grupo político receberam R$ 1,8 bilhão em propinas pagas pelo consórcio responsável pelas obras.
Temer permaneceu quatro dias preso em uma sala de 20 metros quadrados no terceiro andar da Superintendência da Polícia Federal no Rio. O ex-presidente foi solto após a decisão do desembargador Antonio Ivan Athié de lhe conceder um habeas corpus.
O ex-ministro e ex-governador do Rio Moreira Franco, que também foi preso na ocasião, além de outros cinco acusados, tiveram os habeas corpus mantidos por unanimidade ontem.
Propina por contratos
Parte das investigações contra Temer foi motivada pela delação de José Antunes Sobrinho, ex-sócio da Engevix, homologada em outubro do ano passado. Ele disse ter pago, em 2014, R$ 1,1 milhão de propina a pedido de coronel Lima e do ex-ministro Moreira Franco, com anuência do ex-presidente.
Antunes também informou à força-tarefa da Lava-Jato que foi procurado por Lima em 2010. Na ocasião, segundo ele, o coronel prometeu interferir no projeto da obra de Angra 3, com o aval de Temer, em troca do pagamento de propina.
A empresa Argeplan, do coronel Lima, participou de um contrato de R$ 162 milhões com a Eletronuclear para atuar nas obras de Angra 3, em parceria com a AF Consult, empresa que teve sedes na Suíça e Finlândia. A construtora Engevix tocaria a obra como subcontratada.
Outro delator, o doleiro Lúcio Funaro, informou à Justiça que o coronel Lima atuava como operador do presidente Temer junto à empresa estatal Eletronuclear, responsável pelas obras da usina de Angra 3. Funaro garantiu que Temer participou de esquemas de pagamento de propina a políticos do MDB, antigo PMDB, e se beneficiou deles. Segundo o delator, o ex-presidente teria recebido valores pagos pela empreiteira Odebrecht, além de ter sido beneficiado em esquemas de propina no Porto de Santos e também por repasses do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
O Globo
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