O presidente Jair Bolsonaro publicou em seu Twitter uma nota nesta terça, 7, em que exalta o escritor Olavo de Carvalho e diz esperar que os desentendimentos públicos entre ele e os militares do governo sejam "uma página virada".
Bolsonaro afirma que a obra de Olavo foi determinante para sua eleição presidencial em 2018 e que reconhece trabalho contra a esquerda. Capitão reformado, ele também cita sua admiração pelos militares por sua formação. No início do ano, ele
"Cheguei na Câmara em 1991 e encontrei-a tomada pela esquerda num clima hostil às Forças Armadas e contrário às nossas tradições judaico-cristã", escreve Bolsonaro. "Aos poucos, outros nomes foram se somando na causa que ele defendia, entre eles Olavo de Carvalho. Olavo, sozinho, rapidamente tornou-se um ícone. Seu trabalho contra a ideologia insana que matou milhões no mundo e reiterou a liberdade de outras centenas de milhões é reconhecida por mim. Sua obra em muito contribuiu para que eu chegasse no Governo, sem a qual o PT teria retornado ao Poder. Sempre o terei nesse conceito."
"Quanto aos desentendimentos ora públicos contra militares, aos quais devo minha formação e admiração, espero que seja uma página virada por ambas as partes", completou.
Minutos após a publicação de Bolsonaro, Olavo respondeu: "Eu também quero isso, presidente, mas não vou dar moleza aos inimigos da despetização."
Considerado "guru" bolsonarista, Olavo tem feito duras críticas ao general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, dese o fim da semana. O ministro falou em entrevista ao Estado sobre a necessidade de se aprimorar a legislação que trata das redes sociais. Em postagem no sábado, 4, Olavo comparou o ministro a Ciro Gomes (PDT), candidato derrotado à Presidência, e disse que Santos Cruz "fofoca e difama pelas costas". O ministro retrucou e, em entrevista, chamou Olavo de "um desocupado esquizofrênico".
Na segunda, um dos nomes mais respeitados nas Forças Armadas, o ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas, chamou Olavo de "Trótski de direita", em referência ao revolucinário bolchevique, figura central da guerra civil russa. Sem citar Villas Bôas, Olavo reagiu e, na madrugada desta terça, escreveu: "Nem o (ex-presidente) Lula seria vil e porco o bastante para, fugindo a argumentos sem resposta, se esconder por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas. Mas os nossos heróicos generais são".
Em entrevista ao 'Estado' publicada nesta terça, Villas Bôas diz que Olavo presta um "enorme desserviço" para o País e que os ataques do escritor, que costuma colocar outros nomes, entre eles o vice-presidente Hamilton Mourão, como alvo, "passaram do ponto".
Olavo tem negado que queira "tirar" Santos Cruz do cargo. "Não sou um agente político, sou um escritor e professor. Não quero tirar o Santos Cruz da porra de ministério que ele ocupa. Quero apenas despertar sua inteligência e seu senso moral para que ele corrija o imenso mal que está fazendo. Fique com o cargo, mas tome jeito", disse na segunda. Reforçou nesta terça: "Nunca propus tirar ninguém de ministério nenhum. Só o que quero tirar são idéias de jerico de algumas cabeças".
Bolsonaro tem boa relação com Villas Bôas. Após deixar o comando do Exército, virou consultor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, órgão comandado pelo general Augusto Heleno. Em janeiro, o presidente recém-empossado disse que Villas Bôas era "um dos responsáveis" por sua eleição - fala similar à desta terça, sobre Olavo. Villas Bôas disse que Bolsonaro resgatou Brasil de "amarra ideológica".
Estadão
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