Outubro 07, 2024

Mais de 70% dos casos de câncer de bexiga estão ligados ao cigarro

Mais de 70% dos casos de câncer de bexiga estão ligados ao cigarro, segundo o urologista Francisco Kanasiro, diretor da Sociedade Brasileira de Urologia Regional SP. Isso porque as substâncias tóxicas do cigarro são eliminadas pelo rim, agredindo a parede da bexiga. A prevalência é em pessoas acima de 60 anos.

"Já o câncer de bexiga não relacionado ao tabagismo ocorre em pacientes mais jovens ou mais velhos. Abaixo dos 50 anos acredita-se que pode haver alguns genes envolvidos. Já a partir dos 80 está relacionado ao envelhecimento do corpo", afirma.

Outros fatores que facilitam o desenvolvimento desse tipo de câncer são exposição à radiação, como na radioterapia, infecção urinária com muita frequência e trabalhar com produtos químicos derivados de petróleo, como o benzeno. "A primeira causa desse tipo de câncer é o cigarro, seguida por trabalhadores que têm contato com benzeno", explica.

O câncer de bexiga é considerado raro, porém agressivo, de acordo com o urologista. A doença afeta mais de 9 mil brasileiros, sendo 6,6 mil homens e 2,7 mulheres, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer). Levou 3.905 pessoas à morte em 2015, boletim mais recente do Atlas de Mortalidade por Câncer. Julho é considerado o mês da conscientização desse tipo de câncer.

O principal sintoma é a presença de sangue na urina, a chamada hematúria, comum a diversos problemas do trato urinário, como pedra no rim e infecção urinária, de acordo com Kanasiro.

"O principal sintoma do câncer de bexiga é a presença visível de sangue na urina, sem apresentar dor, diferentemente da infecção urinária, por exemplo, em que o sangue na urina é microscópico e, portanto, só constatado por meio de exame laboratorial, além de manifestar outros sintomas, como febre e dor ao urinar", explica.

O urologista afirma que, quando outras doenças do trato urinário são descartadas, por meio de ultrassom, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, é realizada a citoscopia, exame no qual é introduzido uma câmera na bexiga por meio da uretra, com anestesia local. "Tumores com menos de 0,5 cm não são detectáveis em exames de imagem. Já na citoscopia, além de o tumor ser visto, é possivel realizar sua biópsia e até retirá-lo", diz.

A biópsia é capaz de revelar se o tumor é superficial ou invasivo em relação à parede da bexiga. Segundo o urologista, a quimioterapia só é indicada em casos de tumor invasivo e metástase. Quando se prolifera, o tumor pode afetar linfonodos, pulmão e fígado. Outra indicação para o tumor invasivo pode ser a retirada da bexiga com reconstrução do órgão.

A construção de nova bexiga, chamada de noebexiga, é feita com um segmento da alça do intestino delgado, moldado em formato parecido com o da bexiga.

"Em caso de paciente muito idoso que não seja possível a retirada da bexiga, é realizado tratamento que combina radioterapia com quimioterapia", explica.

O câncer de bexiga está entre os tipos de câncer beneficiados pela imunoterapia. Esse tratamento se dá por meio de medicamentos que fazem com que o próprio sistema de defesa do organismo reaja às células cancerosas, combatendo-as.

"A imunoterapia já consagrada é feita de bacilos de tuberculose atenuados, é chamada de vacina onco BCG. É indicada apenas em casos de tumor superficial para evitar que ele volte", explica o urologista.

A aplicação é feita por meio de uma injeção na bexiga, introduzida por sonda pela utretra, com anestesia local. É aplicada uma vez por semana, por seis semanas.

"Nunca é tarde para parar de fumar. Quanto mais cedo se larga, mais se aproxima do risco de desenvolver câncer de quem nunca fumou", finaliza.

R7
Portal Santo André em Foco

Rate this item
(0 votes)

Leave a comment

Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.

© 2019 Portal Santo André em Foco - Todos os Direitos Reservados.

Please publish modules in offcanvas position.