Senadores ligados à ala governista e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), articulam para aprovar a proposta do marco fiscal antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para 20 e 21 de junho. Pacheco trabalha com a possibilidade de votação na semana entre 12 e 16 de junho.
Segundo parlamentares ouvidos pela reportagem, a ideia é sinalizar ao Banco Central uma medida concreta capaz de influenciar a decisão sobre manter ou não a taxa básica de juros, a Selic, hoje fixada em 13,75%, o maior desde o início de 2017. O governo federal tem pressionado o Copom pela redução da Selic.
Para viabilizar essa tentativa, os senadores articulam levar a leitura final do relatório da proposta direto ao plenário. Neste caso, o senador Omar Aziz (PSD-AM) teria a missão de garantir acordo antes da votação para evitar emendas e destaques após a leitura do parecer.
A oposição e senadores mais afastados da base do governo são contra esse movimento. Essa ala quer um debate mais extenso no Senado e fala, inclusive, em propor uma audiência pública. “Não tem a mínima chance de uma matéria com uma importância dessa não passar pelo menos na CAE. Vamos apresentar requerimento de audiência”, afirmou o senador Izalci Lucas (PSDB-DF). A oposição também articula para levar o texto à CCJ. Tudo isso pode frustrar essa tentativa da base em adiantar a tramitação.
Governo critica manutenção da taxa de juros
Com a manutenção dos juros no maior nível dos últimos seis anos, o Banco Central virou alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da equipe econômica. No início do mês, em um ato unificado das centrais sindicais pelo Dia do Trabalho, Lula criticou o atual patamar da Selic.
"A gente não pode viver mais num país onde a taxa de juros não controla a inflação. Ela controla, na verdade, o desemprego nesse país, porque ela é a responsável por uma parte da situação que vivemos hoje", disse.
Os embates consideram que a taxa Selic é o principal instrumento de política monetária para conter a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias. Como consequência, os juros mais altos inibem o crescimento da economia.
Para os analistas do mercado financeiro, a Selic só passará a cair no segundo semestre. Eles avaliam que o primeiro corte acontecerá no dia 20 de setembro, quando a taxa cairá 0,25 ponto percentual, dos atuais 13,75% para 13,5% ao ano.
R7
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