Em um compromisso que não estava previsto na agenda oficial, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, foi à sede do Conselho Federal de Medicina (CFM) nesta quarta-feira (27) e fez um discurso para médicos reunidos no auditório. Bolsonaro exaltou ações do governo na pandemia de Covid e voltou a defender a cloroquina, remédio comprovadamente ineficaz para a doença.
O Palácio do Planalto não informou o motivo da visita de Bolsonaro ao CFM. A assessoria da campanha do presidente disse que ele foi ao local ouvir demandas dos médicos.
Bolsonaro foi lançado oficialmente como candidato à reeleição no domingo (24), em convenção nacional do PL. Pela lei, a campanha começa no dia 15 de agosto.
Ao longo da pandemia de Covid, representantes do CFM tomaram atitudes alinhadas com as ideias defendidas por Bolsonaro, consideradas contrárias à ciência e à saúde, de acordo com autoridades sanitárias e especialistas. Além de defender remédios ineficazes, o presidente desestimulou o uso de máscaras e a aplicação de vacinas.
Para uma plateia formada por médicos e parlamentares, Bolsonaro, em seu discurso, defendeu a postura do governo na pandemia.
"“Creio que essa ações [escolher ministros sem viés político] ajudaram em muito a gente a passar pela pandemia, com baixas, sim, lamentamos, mas passamos pela pandemia. Gastamos em 2020 R$ 700 bilhões para atender governadores, prefeitos, nosso sistema de saúde. E sobrevivemos”, afirmou o presidente para a plateia de médicos.
O Brasil registrou até esta terça (26) 677.563 mortes por Covid. É o segundo país do mundo com mais mortes, atrás dos Estados Unidos.
Bolsonaro voltou a defender a autonomia dos médicos no atendimento aos pacientes, argumento que repetia durante a pandemia para defender o uso de cloroquina.
“Aqui no Brasil foi proibido falar de tratamento precoce”, criticou Bolsonaro. O chamado tratamento precoce, defendido por ele ao longo da pandemia, envolvia uma série de remédios sem eficácia para a Covid.
Urnas
O presidente aproveitou o discurso, de cerca de 10 minutos, para abordar um tema bastante presente em suas falas: ataque às urnas eletrônicas.
Bolsonaro tem repetido, nos últimos meses, suspeitas já desmentidas sobre o processo eleitoral brasileiro. Na semana passada, ele fez os ataques em uma reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada. O gesto do presidente causou repercussão negativa no mundo jurídico, no político e na sociedade civil.
Agora, diante dos médicos, ele mencionou o tema rapidamente. "Tudo evolui, exceto as urnas das seções eleitorais. Não precisa evoluir, mas não vamos tocar nesse assunto aqui", disse Bolsonaro.
De acordo com o blog do Valdo Cruz, o presidente pode ser mais cauteloso daqui para a frente em seus ataques às urnas. Isso porque, agora que já é candidato oficialmente, há um entendimento jurídico de que ele pode ser alvo de punições eleitorais.
Medicina
No fim do seu discurso, Bolsonaro falou sobre um tema relacionado ao mercado de trabalho na medicina. Ele lembrou, como já fez em outras oportunidades, que no início do mandato vetou projeto que permitia que faculdades particulares aplicassem o exame Revalida. O Revalida é aplicado para médicos formados no exterior que queiram exercer a profissão no Brasil.
"O sentimento de vários médicos era quase unanimidade contrário àquilo [ao projeto]", afirmou o presidente.
Por fim, Bolsonaro exaltou seu mandato na Presidência. "A gente procura fazer o melhor, dar o melhor de si, como os senhores dão na vida de vocês, para a gente ter um Brasil melhor para todos nós", concluiu.
g1
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