Aliados de Jair Bolsonaro (PL) veem como um "tiro no pé" e um "vexame" o evento promovido pelo presidente para repetir, para uma plateia de diplomatas estrangeiros, ataques infundados ao sistema eleitoral brasileiro.
A ideia do encontro – realizado na segunda-feira (18) no Palácio do Planalto com direito a erro de grafia na apresentação – foi do próprio presidente com o objetivo de desviar o foco da opinião pública de dois escândalos que afetam o projeto da reeleição:
As denúncias de abuso sexual contra o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, figura recorrente ao lado de Bolsonaro até cair em desgraça
O assassinato de um tesoureiro do PT por um apoiador do presidente da República – que já falou em "fuzilar a petralhada" – aos gritos de "Aqui é Bolsonaro".
Para aliados, Bolsonaro conseguiu, sim, desviar o foco, mas trocou os escândalos pelo que foi descrito como "aberração".
E, ao fazê-lo, o presidente ignorou os apelos do Centrão – que comanda a ala política do governo e a campanha à reeleição – para evitar maior radicalização.
Bolsonaro disse a interlocutores que queria reagir à reunião em que o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, afirmou a embaixadores que a comunidade internacional deveria estar "alerta" a "acusações levianas" contra o sistema eleitoral.
O grupo avalia que o evento – para o qual o Bolsonaro contou com o apoio de militares como o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa, e Braga Netto, assessor especial da Presidência – contou com o apoio "implodiu pontes com o comando do Tribunal Superior Eleitoral" justamente no momento em que tentava uma reaproximação com Alexandre de Moraes, que vai presidir a Corte nas eleições.
Após a reunião, Fachin, reafirmou a segurança do sistema eleitoral brasileiro e criticou – sem citar Bolsonaro – o que chamou de 'teia de rumores descabidos e populismo autoritário'.
A iniciativa foi considerada, ainda, completamente intempestiva, pois foi realizada no momento em que o governo se preparava para colher os frutos da ampliação de benefícios sociais às vésperas da eleição autorizada pela chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Kamikaze.
A expectativa é que esses benefícios possam tirar Bolsonaro das cordas na corrida eleitoral – o último Datafolha, divulgado em 23 de junho, colocou Lula com 47% das intenções de voto no primeiro turno, ante 28% do presidente. Nos votos válidos, Lula teria 53% contra 32% de Bolsonaro, o que o garantiria vitória do petista no primeiro turno.
g1
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