A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, confirmou neste segunda-feira (23) que um dos coordenadores do plano econômico da chapa Lula-Geraldo Alckmin conversou com os economistas Pérsio Arida e André Lara Resende para que eles participem da construção do plano de governo da aliança.
Nome de confiança de Alckmin, o economista Pérsio Arida já foi presidente do Banco Central e presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) durante as gestões dos ex-presidentes Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Lara Resende é um dos formuladores do Plano Real (leia mais abaixo).
Segundo Gleisi, Aloizio Mercadante que está se reunindo com vários economistas para pedir ajuda na confecção do plano econômico que será apresentado na eleição deste ano pela chapa PT/PSB.
“Nós temos vários economistas participando [da elaboração do plano]. O próprio Aloizio Mercadante tem conversando com ele [Pérsio Arida] e como o André Lara Resende e outros nomes. Acho que até o Mercadante teve uma reunião com o Pérsio, se não me engano”, disse Gleisi Hoffmann.
“Nossa ideia é trazer todos os nomes que estão pensando mais ou menos como estamos pensando sobre a retomada do desenvolvimento econômico do Brasil”, completou.
Hoffmann participou nesta manhã em São Paulo de uma reunião com líderes dos setes partidos que formam a aliança dos candidatos para a eleição de 2022. Entre os partidos estão PSB, Solidariedade, PV, PSOL, PCdoB e Rede, além do próprio PT.
PDT de Ciro Gomes
Lula também participou da reunião pela manhã e, segundo o relato da presidente do PT, ele teria dito que “só falta o PDT” de Ciro Gomes no leque de partidos que o apoiam nesse primeiro.
“O presidente Lula fez questão de dizer que é a primeira vez que ele senta com o conjunto de partidos que representam aí esse campo progressista e democrático da centro-esquerda. Que em nenhuma outra eleição ele teve esse conjunto de partidos. Ele disse: ‘só falta o PDT aqui para compor esse campo totalmente’”, afirmou Gleisi .
Apesar da fala sobre o PDT, a presidente do PT negou que a aliança esteja conversando com lideranças do partido de Ciro Gomes para forçar uma desistência dele da corrida eleitoral.
“A gente tem que ter respeito com a candidatura alheia. Andaram dizendo que o PSB estava pressionando o PDT. Não é verdade. Não tem nenhuma pressão da nossa parte. Eu não tenho falado com o [Carlos] Luppi [presidente do PDT]. Se tem alguém falando, deve ser algum parlamentar. Mas da nossa parte não existe pressão. Isso não é correto e a gente respeita a legitimidade dos partidos em apresentarem candidatura”, declarou.
Quem é Pérsio Arida?
Conforme adiantado pelo blog da jornalista Andréa Sadi, da GloboNews, em março, Arida teve conversas com Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, que tem discutido temas econômicos para a campanha de Lula- mas sem oficializá-lo como interlocutor do assunto.
Arida também não fechou nada com a campanha – mas virou o sonho de consumo de interlocutores de Lula e Alckmin, que querem sinalizar ao mercado uma espécie de "Carta aos Brasileiros 2.0" no pleito de 2022.
Na avaliação de assessores da campanha, o anúncio de Alckmin na vice de Lula teve, até aqui, efeito importante, mas simbólico: o ex-tucano é uma peça isolada no tabuleiro, e o comitê quer que ele atraia "os seus". Arida seria concretizar essa ideia, o efeito do que Alckmin pode fazer pela campanha – ampliando a ideia central da campanha de que a chapa é ampla e não apenas do PT.
Freio de arrumação
Nas últimas duas semanas, segundo o blog apurou, a campanha de Lula-Alckmin decidiu fazer também esse "freio de arrumação" na área econômica após o comando da campanha passar a receber diferentes relatos de empresários que o mercado não recebe bem quando a campanha envia como emissário para rodas de conversas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o economista Gabriel Galípolo, que dizem desconhecer.
A empresários ligados ao PT, integrantes do mercado repetem que o anúncio da chapa Lula-Alckmin causou uma onda de que a campanha pode ir para o centro mas, em seguida, as declarações da cúpula do PT sobre a agenda econômica – como revisão de reforma trabalhista – frustrou setores do mercado.
Por isso, assessores de Lula e Alckmin passaram a defender como prioridades nas últimas semanas que, após o freio de arrumação na comunicação e entre aliados – com a reunião de partidos hoje – a próxima parada seja definir o responsável pela agenda econômica.
Outro empresário que alas mais ao centro da campanha defendem como interlocutor com o mercado é o nome do ex-ministro e empresário Walfrido Mares Guia.
R7
Portal Santo André em Foco
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