Após a desistência do ex-governador paulista João Doria de disputar o Palácio do Planalto nas eleições deste ano, a cúpula do PSDB quer confirmar apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) nos próximos dias. O partido deve se reunir nesta terça-feira (24), em encontro marcado na semana passada. A discussão deve girar em torno da consolidação da emedebista como o nome da terceira via e também do nome que os tucanos devem indicar como vice da pré-candidata à Presidência da República.
Mesmo com o cenário à vista, a saída de Doria do jogo estimulou um grupo do PSDB que queria a candidatura do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite à Presidência. Ele foi derrotado por Doria nas prévias, mas ainda era visto como um nome mais viável do que o ex-governador de SP. Parlamentares ligados a Leite se reúnem para discutir esse assunto ainda nesta segunda-feira (23).
O PSDB, MDB e Cidadania se articulam para lançar um candidato único da chamada terceira via em contraponto à polarização de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), primeiro e segundo colocados nas pesquisas eleitorais, respectivamente. Doria abandonou a pré-candidatura após intensa pressão interna e agora deve voltar à iniciativa privada. Antes, falava-se que ele poderia assumir a posição de vice de Tebet, o que não se efetivou.
Os três partidos encomendaram uma pesquisa que mostrou a emedebista como uma opção mais viável, com menos rejeição que Doria. O ex-governador de São Paulo se recusava a desistir da pré-candidatura e chegou a ameaçar judicialização, caso não fosse confirmado pelos tucanos como nome do partido na corrida pelo Planalto.
O cenário paulista foi decisivo para a saída de Doria de cena. O PSDB quer o apoio da Prefeitura de São Paulo, comandada por Ricardo Nunes (MDB), para que o governador de SP, Rodrigo Garcia (PSDB), tenha sucesso nas eleições. A negociação entre os dois partidos girava em torno deste apoio em troca de Tebet na cabeça de chapa ao Palácio. O governo paulista é de grande importância aos tucanos, que comandam o Palácio dos Bandeirantes desde 1994.
Integrante da Executiva Nacional do PSDB, o deputado Luiz Carlos (AP) afirmou que o anúncio de Doria não era de conhecimento de todos e que a questão foi dialogada no fim de semana em um grupo restrito. O parlamentar ressaltou que a situação de SP foi decisiva.
"São Paulo tem a prefeitura do MDB, que é importante para a eleição do Rodrigo Garcia. A ambiência política de São Paulo foi decisiva para a tomada de decisão do João", disse, frisando que SP já está inseguro com a eleição de Garcia.
Na reunião da semana passada, após a carta de Doria, os tucanos haviam decidido apenas seguir com as negociações com o MDB e o Cidadania. Segundo Luiz Carlos, na reunião desta terça-feira (24) deve sair uma decisão relativa ao nome de Simone. "Muito provável que vamos formar chapa com o MDB", afirmou. Um nome para a vice ainda precisará ser definido, uma vez que Doria não quer compor como o segundo nome da chapa.
Após o anúncio de Doria, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, já sinalizou que uma coligação com Simone na cabeça de chapa deve ser logo referendada. "Temos um entendimento de diálogo com o MDB, vamos dar um passo agora. O nome de Simone é o nome posto nessa construção, mas precisamos construir um projeto de compromisso de programa com o Brasil. João Doria preparou uma equipe de forma árdua que construiu um programa social, econômico, e é preciso que haja construção de um compromisso de receber toda essa construção desse programa do PSDB", disse.
O presidente nacional tucano instruiu lideranças regionais a se reunirem com as duas siglas para discutir palanques regionais e programa de governo da coligação.
"Com esse compromisso, com a ajuda do Doria, vamos construir um projeto, não só no PSDB, como ficou claro que sozinhos não vamos a lugar nenhum, mas um projeto em que esse nome sendo o de Simone, represente um compromisso com programas, projetos e fortalecimentos de palanques importantes, como é o caso do Rio Grande do Sul, onde o MDB pode ser um parceiro importante", completou.
Mais cedo, Doria havia se reunido com lideranças tucanas – entre elas o presidente nacional do partido, Bruno Araújo – que tinham o objetivo de demover o paulista da ideia de se candidatar à presidência. Correligionários buscavam acordo para evitar uma ruptura pública e conturbada do ex-governador.
Em anúncio nesta segunda, Doria falou que desiste de sua pré-candidatura por entender não ser a escolha da cúpula do PSDB. Ele afirmou que se retira do pleito com o “coração ferido, mas com a alma leve”.
R7
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