Outubro 01, 2024

Eventuais 'armadilhas' em acordo Mercosul-UE podem atrapalhar acerto com EUA, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (31) que “todo mundo está preocupado” com possíveis “armadilhas” nos termos do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.

O receio é que as "armadilhas", segundo ele, atrapalhem um acordo comercial do Brasil com os Estados Unidos.

Bolsonaro deu a declaração ao final de uma cerimônia de troca da guarda presidencial no Palácio do Planalto. Antes, ele teve uma audiência com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur L. Ross Jr.

Nesta terça-feira (30), em Washington, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que vai negociar um acordo com o Brasil. "Nós vamos trabalhar em um acordo de livre comércio com o Brasil. O Brasil é um grande parceiro. Nós amamos a relação com o Brasil", afirmou.

Segundo Jair Bolsonaro, no encontro no Palácio do Planalto, o secretário Ross abordou a preocupação em relação a termos do acerto entre Mercosul e União Europeia que possam inviabilizar um eventual acordo comercial do Brasil com os EUA.

“Todo mundo está preocupado com algumas armadilhas [no acordo Mercosul-União Europeia]. Todo mundo está preocupado com isso aí, que, talvez, possa ter no acordo do Mercosul algum problema em assinar o acordo com os Estados Unidos. Isso vai até em cima da questão de inteligência”, afirmou Bolsonaro.

Em visita ao Brasil, Ross manifestou essa preocupação nesta terça-feira (30), em São Paulo. Ele disse que o Brasil precisa garantir que nenhum termo do acerto entre o Mercosul e a União Europeia seja prejudicial a um possível acordo de livre comércio com os Estados Unidos.

"É importante que não haja nada nesse acordo que seja contraditório com um acordo de livre comércio com os Estados Unidos”, disse a jornalistas após evento em São Paulo.

Segundo Bolsonaro, a audiência com Ross, nesta quarta, foi "excelente", e o secretário manterá conversas sobre parcerias com os EUA com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para Bolsonaro, o comércio com os EUA "está muito fraco". O país é o segundo parceiro comercial do Brasil, atrás da China.

"Acho que nosso comércio, dois países que [juntos] têm pouco mais de 500 milhões de habitantes, o comércio está muito fraco", analisou Bolsonaro.

Acordo Mercosul-UE
Anunciado no mês passado, depois de 20 anos de negociação, o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia precisa ser ratificado pelos parlamentos dos países dos dois blocos para entrar em vigor.

O acordo de livre comércio envolve os 28 países da UE e as quatro nações que fazem parte do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Os dois blocos juntos reúnem cerca de 750 milhões de consumidores.

Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai compõem o bloco sul-americano. A Venezuela está suspensa em razão do descumprimento de normas pelo governo de Nicolás Maduro.

Países que serão impactados pelo acordo comercial também questionam termos do acerto. Em visita a Brasília, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, informou que o país fará uma "avaliação nacional completa e independente" sobre o acordo.

Na França, os termos da aliança com o Mercosul vêm sendo criticados por agricultores, ambientalistas e políticos, inclusive do partido do governo do presidente Emmanuel Macron.

Itaipu e Paraguai
Bolsonaro também afirmou nesta quarta-feira que o Braisl pretende "fazer justiça" na negociação com o Paraguai para compra de energia da usina hidrelétrica de Itaipu.

"Nosso relacionamento com o Paraguai é excepcional, excelente. Estamos dispostos a fazer justiça nessa questão de Itaipu Binacional, que lá é importantíssimo no Paraguai e importante para nós", afirmou.

Questionado se o Brasil pretende ceder na negociação, Bolsonaro disse que "pequenas derivações" podem ser acertadas.

"Não é questão de ceder ao Paraguai. Não é meio a meio? A princípio é por ai. As pequenas derivações a gente acerta ai".

As negociações provocaram uma crise política no Paraguai, que deixou o presidente Mario Abdo Benítez sob risco de um processo de impeachment.

Na segunda-feira (29), quatro membros do alto escalão do governo paraguaio renunciaram, em razão da assinatura em maio uma ata bilateral sobre o cronograma de compra de energia de Itaipu até 2022.

Uma das principais preocupações dos paraguaios é que a ata se traduza em um aumento do preço da energia.

G1
Portal Santo André em Foco

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