Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disseram que vão enviar para o Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido pelo impeachment do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Ao blog, Randolfe relatou ainda que mais senadores vão subscrever o pedido.
"Esse pedido de impeachment do chanceler Ernesto Araújo será apresentado junto ao STF. É a instituição que tem a competência para julgar crimes de responsabilidade de ministros de Estado. Vários senadores já estão subscrevendo esse pedido, diante da gravidade dos atos de Ernesto Araújo", disse o senador.
A pressão do meio político para Ernesto deixar o cargo cresce a cada dia. No Congresso, a visão é de que o ministro falha na articulação para trazer vacinas contra a Covid-19 para o Brasil, mas não só isso. A postura dele de embate com países como a China é considerada prejudicial para as exportações brasileiras e para o investimento estrangeiro no país.
"No Brasil, o atual chanceler não só não atuou diligentemente para representar o país nos fóruns internacionais em que era necessário o seu empenho para conseguir referidas vacinas e insumos na quantidade e tempo desejados, como criou obstáculos com um importante parceiro fornecedor. A China, aliada do Instituto Butantan na produção da CoronaVac, foi objeto de críticas e ironias dirigidas pelo denunciado, que não cansou de se referir à Covid-19 como 'comunavírus' e 'vírus chinês'", afirmam os senadores no pedido.
O texto a ser enviado ao STF aponta ainda que a gestão de Ernesto isolou o Brasil no cenário internacional.
"Contrariando a grande tradição diplomática brasileira, o atual chanceler elegeu uma ideologia própria a pretexto - acredite-se ou não - de combater outras ideologias que julga menos nobres que aquela por ele defendida. Com esse intuito, alcançou o feito de isolar o país no panorama internacional."
O pedido afirma que a conduta de Ernesto pode ser encaixada nas definições de crime de responsabilidade previstas na lei. Uma das citadas pelo pedido é a do artigo 5º da lei 1079 de 1950: "cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".
Atrito com parlamentares
Nos últimos dias, deputados e senadores explicitaram veementemente a insatisfação com Ernesto.
Em uma reunião no Palácio do Alvorada na quarta-feira (24), da qual participaram ministros, chefes de poderes e o presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cobrou do ministro das Relações Exteriores uma ação mais efetiva na busca por vacinas.
Mais tarde, no mesmo dia, em uma sessão da qual participava no Senado, Ernesto ouviu de vários senadores o pedido expresso para que deixe o cargo.
O mais recente episódio nessa escalada do desgaste foi uma postagem do ministro nas redes sociais sobre a senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da comissão de relações exteriores do Senado. Ernesto alegou que, em um almoço no início de março, a senadora lhe disse que ele se tornaria o "rei do Senado" se fizesse um gesto em relação ao 5G, mas que não fez "gesto algum".
A declaração de Ernesto foi vista como desespero por senadores, uma tentativa de tirar o foco da pressão por sua demissão.
Kátia Abreu respondeu a postagem do ministro e disse que é "uma violência resumir três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade".
Vários senadores prestaram solidariedade a Kátia Abreu, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), criticou a fala de Ernesto, a qual chamou de "cortina de fumaça".
Como uma forma de pressionar pela saída de Ernesto, o líder da minoria no Senado, senador Jean Paul Prates (PT-RN), apresentou um projeto de resolução que propõe a suspensão de nomeações de embaixadores (que precisam ser aprovadas pela Casa). O documento também foi subscrito pelo senador Jaques Wagner (PT-BA).
G1
Portal Santo André em Foco
Make sure you enter all the required information, indicated by an asterisk (*). HTML code is not allowed.