Outubro 01, 2024

Cobrado por empresários, Mourão diz que agirá para melhorar política ambiental

Executivos de 38 grandes empresas brasileiras e estrangeiras enviaram uma carta ao vice-presidente Hamilton Mourão pedindo medidas para combater o desmatamento no país.

O documento foi revelado pelo jornal "Valor Econômico" nesta terça-feira (7). O blog também teve acesso à carta.

Nesta terça, Mourão afirmou ao blog que receberá o grupo de empresários nos próximos dias e que dirá a eles que o governo irá adotar medidas para melhorar a política ambiental brasileira. O vice-presidente também é responsável por comandar o Conselho da Amazônia.

Intitulado de "Comunicado do Setor Empresarial Brasileiro", o documento também é assinado por quatro entidades setoriais do agronegócio, do mercado financeiro e da indústria.

A carta aponta a preocupação do grupo com a imagem negativa do Brasil no exterior por causa de sua política ambiental e defende medidas para conter o desmatamento e criar uma estratégia de desenvolvimento econômico sustentável.

No comunicado, os empresários dizem que a "percepção negativa [sobre a política ambiental brasileira] tem um enorme potencial de prejuízo para o Brasil, não apenas do ponto de vista reputacional, mas de forma efetiva para o desenvolvimento de negócios e projetos fundamentais para o país".

O grupo diz estar à disposição do Conselho da Amazônia para discutir soluções nos seguintes campos:

  • combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal na Amazônia e demais biomas brasileiros;
  • inclusão social e econômica de comunidades locais para garantir a preservação das florestas;
  • minimização do impacto ambiental no uso dos recursos naturais, buscando eficiência e produtividade nas atividades econômicas daí derivadas;
  • valorização e preservação da biodiversidade como parte integral das estratégias empresariais;
  • adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono;
  • direcionamento de financiamentos e investimentos para uma economia circular e de baixo carbono;
  • pacotes de incentivos à recuperação econômica dos efeitos da pandemia da Covid-19 condicionada a uma economia circular e de baixo carbono.

"Vou recebê-los nos próximos dias, já tenho conversado com eles, vamos discutir as medidas necessárias para melhorar nossa política ambiental", disse Hamilton Mourão ao blog.

Questionado sobre que tipo de medida o governo pode adotar, Mourão citou a área de fiscalização.

"Vamos recuperar a estrutura de fiscalização na área ambiental, hoje ela não tem pernas para combater ações ilegais de desmatamento", disse o vice-presidente.

Desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro é criticado por ter tomado medidas que afrouxariam a fiscalização ambiental, reduzindo, por exemplo, a aplicação de multas contra empresas e pessoas que promovem a destruição do meio ambiente no Brasil.

"Na quinta-feira, já vou ter uma reunião por videoconferência com fundos de investimentos estrangeiros para dizer o que estamos fazendo e o que vamos fazer", acrescentou Mourão.

Empresários já vinham criticando a política ambiental brasileira e os riscos de ela afetar os investimentos no país. Porém, é a primeira vez que um grupo relevante de executivos de empresas brasileiras e estrangeiras adotam uma ação coordenada para, segundo um dos empresários, fazer o governo "acordar" para o atual momento delicado pelo qual passa o país.

Bolsonaro recentemente admitiu que a imagem do Brasil no exterior está negativa por causa da questão ambiental, mas atribuiu isso a uma visão "distorcida" das ações do governo. Na ocasião, prometeu desenvolver uma estratégia de conversas e campanha publicitária para reverter essa visão negativa.

Empresários alertam, porém, que não basta uma campanha publicitária. Por isso o grupo decidiu enviar a carta ao vice-presidente, que também será encaminhada aos presidentes do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli; da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia; e do Senado, Davi Alcolumbre.

A previsão de uma reunião de Mourão com empresários também surge após a divulgação de uma outra carta no mês passado, assinada por 29 instituições financeiras que gerenciam US$ 3,7 trilhões.

Na manifestação enviada a embaixadas brasileiras de oito países, os investidores deixam claro que se o governo Bolsonaro não adotar medidas de combate ao desmatamento eles vão parar de investir no Brasil.

G1
Portal Santo André em Foco

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